Mais de 20 mil pessoas andam a pé e de bike nas marginais de SP
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), cumpriu a promessa de sua campanha eleitoral e anunciou no fim de 2016 que o limite de velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros aumentará.
A partir do dia 25 de janeiro deste ano, a velocidade máxima voltará a ser de 90 km/h na via expressa; 70 km/h na central e 60 km/h na local. A faixa da direita da pista local terá a velocidade mantida em 50 km/h. Para veículos pesados, o limite será de 60 km/h na expressa e na central e de 50 km/h na local.
Batizado de “Marginal Segura”, o programa da nova gestão da cidade recebeu críticas de especialistas em mobilidade urbana, que afirmaram que não foram apresentados estudos que justificam tecnicamente o aumento dos limites de velocidade.
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Com o objetivo de registrar a quantidade de pessoas que serão afetadas diretamente pelas alterações de velocidades nas vias, a Ciclocidade (Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo) e a Cidadeapé (Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo) realizaram a contagem de ciclistas e pedestres dessas vias expressas da capital paulista e os números revelam um grande uso delas por parte de quem opta pelos modais ativos.
Conforme divulgado no portal Bike É Legal, contagem inédita feita pelas entidades mostra que mais de 20 mil pessoas foram registradas em locomoção em apenas dois pontos das duas marginais.
A expressiva quantidade de pedestres e ciclistas ao longo das marginais mostra que, ao contrário do que tende a ser noticiado, as avenidas que margeiam o rio Pinheiros e Tietê não são utilizadas somente por motoristas.
Ao longo de um dia na marginal Pinheiros, por exemplo, foram contados 19.302 pedestres nas calçadas da pista local, além de 159 pessoas se deslocando em bicicleta. O levantamento foi realizado das 6h às 20h no cruzamento da marginal com a avenida João Doria, próximo à ponte Morumbi e à estação de trens da CPTM.
Na Marginal Tietê, a ação observou que 668 pedestres e 643 ciclistas utilizam esse importante eixo viário, mesmo não havendo condições favoráveis para tal. O levantamento foi realizado na pista local, altura da ponte Freguesia do Ó, também entre 6h e 20h.
Para Ana Carolina Nunes, da Cidadeapé, “a decisão de voltar a aumentar as velocidades é unilateral e pensada somente a partir do viés de quem anda de carro”.
“Estamos buscando todas as vias de diálogo com a nova gestão para dar visibilidade às pessoas mais vulneráveis no trânsito, mas vemos que não temos mais opções. Por isso protocolamos os documentos, para mostrar que existe uma demanda contrária à volta das altas velocidades, com argumentos técnicos e formais. Queremos debate público”, afirmou.
Confira o resumo do dossiê sobre o aumento da velocidade das marginais feito por entidades que defendem a mobilidade por bicicleta e a pé clicando aqui.