Marcha da Maconha sai às ruas da SP pelo fim da guerra às drogas
Em dez anos de reivindicação, maior movimento antiproibicionista do país sai às ruas de São Paulo para pedir o fim da guerra às drogas
Neste sábado, 26, a Marcha da Maconha completa 10 anos em meio a uma trajetória marcada por perseguição policial, jurídica, midiática e que, ainda assim, se faz presente ocupando as ruas da maior cidade do país.
Leva em sua bandeira a luta antiproibicionista e, num grito uníssono, pede o fim da guerra às drogas que todos os anos faz milhares de vítimas, sobretudo, na periferia pobre e preta do Brasil. “Pela liberdade de nossos presos, em memória de nossos mortos, pelo acesso universal ao medicamento e à recreação; contra a violência policial, contra o machismo, contra o racismo e contra a militarização da vida”, destaca o texto do evento divulgado no Facebook.
Cenário mundial e retrocesso à brasileira
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Enquanto o atual ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, recebe contundentes críticas por seu posicionamento belicista quanto à questão das drogas no país, na América Latina, e em todo o mundo, o debate sobre a descriminalização da maconha é realidade.
Atualmente, cerca de 47 países de diferentes regiões tem hoje uma política de tolerância em relação ao consumo da maconha, a exemplo de países como Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai, Portugal, Canadá, Alemanha e Estados Unidos, onde o consumo da planta é descriminalizado.
Aqui, país com a terceira maior população carcerária do mundo, um em cada três presos responde hoje por tráfico de drogas.
Maconha medicinal: um passo para o futuro
Diante de um lento processo de regularização da planta para fins medicinais, em 2017, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), finalmente, reconheceu as propriedades de cura da Cannabis sativa – nome científico da maconha – indicada para tratamentos de glaucoma, AIDS, câncer, esclerose múltipla, insônia, epilepsia, entre outras patologias.
Além disso, nas próximas semanas, a ANVISA anunciará o primeiro passo para a regulamentação do plantio da maconha no Brasil para pesquisa e uso medicinal. Em entrevista ao Estadão, o presidente da agência Jarbas Barbosa ressaltou, entretanto, que isso não tem qualquer relação com o uso doméstico. “Somente empresas poderiam fazer o plantio, no caso do uso medicinal”.
Na entrevista, Jarbas revelou a previsão para o plantio legal de cannabis para a finalidade médica. “A lei já prevê a possibilidade do plantio. Mas é preciso fazer a regulamentação”. Entre os pontos que definirão a distribuição será levado em conta conta as condições em que o plantio deve ser feito, como a iluminação, a segurança, a irrigação . “São quesitos para garantir a qualidade e o padrão do extrato do canabidiol”, explicou.
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