Assistente social é presa em abordagem policial na cracolândia

Prisão ocorreu porque a agente mostrou seu crachá e PMs não aceitaram como identificação

Na tarde da terça-feira, 20, uma assistente social da Prefeitura de São Paulo foi detida por policiais militares durante abordagem policial a duas adolescentes na praça Princesa Isabel, região da nova cracolândia, centro da capital.

Assistente social chegou à delegacia algemada e sem blusa
Créditos: Rovena Rosa/Agência Brasil
Assistente social chegou à delegacia algemada e sem blusa

Tudo aconteceu na rua Guaianases, nas proximidades da rua Helvétia, local onde anteriormente se concentravam os usuários de crack. Por volta das 16h30, os agentes sociais se preparavam para começar o trabalho com os dependentes e encaminhá-los para albergues e atendimentos noturnos.

Segundo o repórter Bruno Ribeiro, do “Estadão”, colegas da agente relataram que ela notou um grupo de policiais abordando duas jovens que pareciam ter menos de 18 anos e que uma delas havia levantado a blusa após pedido dos PMs.

A assistente decidiu acompanhar a abordagem, já que não havia uma policial feminina. Quando ela se aproximou, os policiais pediram seu RG, e ela mostrou o crachá em que continha seu nome, número da identidade e o logotipo da prefeitura.

De acordo com as testemunhas ouvidas pela reportagem, os policiais não aceitaram a identificação e detiveram a assistente. Como ela não queria ser levada, os PMs a puxaram para dentro da viatura, o que a deixou apenas de sutiã.

O delegado Ailton Braga, que registrou a ocorrência, disse que os policiais foram acionados por guardas civis que viram duas jovens saírem da cracolândia e não as reconheceram como frequentadoras do local.

Braga contou ainda que os policiais não aceitaram a identificação dada pela assistente social, que questionou a ausência de uma policial feminina durante a abordagem. “Eles a detiveram, mas ela resistiu. Chegou aqui sem blusa, com duas algemas, uma amiga dela que a cobriu”, disse o delegado.

Cerca de 40 colegas da agente que trabalhavam no local quando a prisão aconteceu acompanharam o caso no 77° Distrito Policial (Santa Cecília) e deram queixas sobre as ações da PM no local. A agente foi ouvida e liberada na noite da terça-feira mesmo.

Para esta quarta-feira, 21, às 14h, colegas da agente marcaram um protesto contra as ações da PM.

Leia a reportagem na íntegra.

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