Menina de 8 anos se indigna com os dizeres das roupas ‘de menina’

“As roupas das meninas dizem ‘bonita’ ‘eu me sinto fabulosa’. E as dos meninos dizem ‘a aventura no deserto te espera’, ‘pense fora da caixa’, ‘herói'”, questiona a pequena antropóloga de apenas 8 anos em um vídeo que chamou atenção nas redes sociais para a desigualdade de gêneros na infância. Ela não se conforma: por que afinal as roupas vendidas como ‘de menino’ e ‘de menina’ são tão diferentes?

Ao problematizar não só as cores, mas as mensagens contidas nas roupas confeccionadas para meninos e meninos, ela levanta uma complexa discussão sobre os estereótipos de gêneros nas lojas infantis, reflexo do modo como a sociedade ideologicamente encara o papel social da mulher e do homem.

Quando o interlocutor do vídeo pergunta “O que você acha disso?”, a pequena é enfática: “Acho injusto. Todos pensam que as meninas devem ser bonitas, e os meninos devem ser aventureiros”, diz, enquanto aponta para uma porção de roupas cor-de-rosa e cheias de penduricalhos. “Isso é errado, por que as roupas de meninos e meninos têm que estar separadas? Somos tão boas quanto eles”.

Menina de 8 anos não se conforma: por que as roupas de meninos e meninos têm que estar separadas?

Valor pela beleza x Valor pela coragem

A menina ainda vai além, e questiona o significado por trás de comportamentos reproduzidos socialmente, aos quais muitas vezes não damos atenção, mas que revelam o quão desigual é a representação de cada sexo na sociedade. Ela faz isso analisando a fundo os dizeres aparentemente inofensivos que estampas as roupas dos meninos. “Pense fora da caixa: o que isso significa? Quer dizer ‘vá atrás de aventura, não deixe nada te parar”.

Por outro lado, as roupas femininas da loja em questão oferecem opções com dizeres vazios, que ou aludem ao valor da beleza para uma mulher, ou simplesmente não dizem nada, como uma camiseta que exibe a mensagem “Hey”. “O que isso significa? O que te inspira a fazer?”, indigna-se a pequena.

A maturidade da menina para identificar o problema revela a sensibilidade da criança para lidar com assuntos considerados difíceis de abordar pelos adultos, e levanta a urgência de, cada vez mais, inserir o debate sobre sexualidade e gênero nas escolas e no ambiente familiar. Assista ao vídeo: