Tatiane Spitzner sofreu série de violências, diz MP; veja lista
A advogada morreu no dia 22 de julho; o marido, Luis Felipe Manvailer, é suspeito de ter cometido o crime
O Ministério Público do Paraná apresentou na última segunda-feira, 6, denúncia contra Luis Felipe Manvailer, acusado de matar sua esposa, Tatiane Spitzner, no dia 22 de julho, em Guarapuava. Ainda, o MP-PR pediu a manutenção da prisão preventiva do biólogo e listou uma séria de humilhações e violências as quais ele praticava contra sua então parceira, relatados por testemunhas.
De acordo com o documento apresentado pelos promotores responsáveis pelas investigações, Luis Felipe “praticou todas as formas de violência familiar e doméstica contra Tatiane Spitzner”.
Segundo a denúncia, ele costumava destruir roupas usadas pela advogada se ele não gostasse das peças e a tratava por apelidos humilhantes, como “bosta albina” [em referência à cor de sua pele], o que foi classificado como violência moral.
Ainda, Manvailer obrigava a esposa a se responsabilizar por todos os afazeres domésticos, impedindo-a de contratar serviço de diarista, e se recusava a ajudá-la na execução das tarefas.
O MP também acusa Luis Felipe Manvailer de violência patrimonial, por impedir que Tatiane fizesse uso livremente de seu salário.
O biólogo responderá por violência física, pelas violentas agressões praticadas por ele contra Spitzner, conforme é possível ver nas imagens das câmeras de segurança do prédio em que o casal morava em Guarapuava [clique aqui para maiores informações].
Na descrição dos promotores, as gravações mostram Luis Felipe dando “tapas, puxões de cabelo, empurrões, chutes, socos, golpes de artes marciais, que inclusive deixaram a vítima desacordada por aproximadamente dois minutos no dia do crime [22 de julho]”.
ENTENDA O CASO
Tatiane Spitzner morreu no dia 22 de julho após supostamente cair do quarto andar do prédio em que morava com o marido, Luis Felipe Manvailer.
Minutos antes da queda da advogada, ela aparece nas câmeras de segurança do edifício sendo violentamente agredida pelo biólogo em pelo menos três ocasiões: dentro do carro, ainda fora do prédio; no estacionamento do condomínio, quando ela tenta fugir, mas não consegue; e dentro do elevador quando tenta mais uma vez se desvencilhar das garras de Luis Felipe, mas novamente é impedida.
Após o casal sair do elevador, não é mais possível ver o que acontece. Pouco tempo depois, Manvailer aparece sozinho nas imagens e sai do prédio para buscar o corpo desfalecido da esposa que já tinha caído.
Ele entra com Tatiane nos braços e a leva para o apartamento. Em seguida, ele troca de roupa e volta para limpar os vestígios de sangue de Spitzner que ficaram dentro do elevador. Depois disso, ele foge usando o carro da vítima, mas é preso horas mais tarde, em São Miguel do Iguaçu, a 340 km de Guarapuava, onde o crime aconteceu.
ASFIXIADA
Na manhã da segunda-feira, 6, O Ministério Público do Paraná (MP-PR) adiantou parte do resultado da perícia feita no corpo de Tatiane Spitzner, em que ficou constatado que a mesma teve uma fratura no pescoço, característica de quem sofreu esganadura e apresentou marcas nas laterais do pescoço.
FEMINICÍDIO
Conforme a denúncia apresentada pelo MP-PR no início desta semana, Luis Felipe responderá pelo crime de homicídio com quatro qualificadoras – meio cruel, dificultar a defesa da vítima, motivo torpe e feminicídio.
Ainda, o réu foi indiciado por fraude processual por alterar a cena do crime ao limpar os vestígios de sangue da vítima do elevador e por cárcere privado.
“INOCENTE”
Em depoimento do réu à polícia, ele se declarou “inocente”, afirmou que Tatiane se jogou do apartamento e diz que a “ama muito”.
“A imagem da minha esposa se jogando da sacada não sai da minha cabeça… Ainda fica martelando as imagens [dela se jogando] porque eu sou inocente, eu a amo muito”, declarou Luis Felipe.