Mulher chamada de ‘monstro’ faz cirurgia graças a doações
Luciene Anselmo de Faria, 30 anos, de Peruíbe (São Paulo) nasceu com a síndrome de microssomia hemifacial, caracterizada por deformidades assimétricas do rosto. Em virtude da doença, ela sempre foi vítima de bullying, da infância até a vida adulta.
Por causa do problema, ela não conseguiu concluir os estudos ou arrumar um emprego. E para piorar, o valor do tratamento sempre foi algo fora de sua realidade. O sofrimento se estendia à vida familiar, e ela sofria preconceito da própria sogra, quando era casada. “Ela dizia para ele [o então marido de Luciene]: ‘tanta mulher bonita e você foi escolher logo essa, cheia de defeito'”, conta ao UOL.
“Já me chamaram de bruxa de Halloween quando eu passei maquiagem, já falaram que eu só iria conseguir arrumar serviço se fosse numa loja de monstras… Numa entrevista de emprego, chegaram a me dizer que entre a perfeita e a imperfeita, eles escolheriam a imperfeita”, lembra na entrevista.
- Descubra como aumentar o colesterol bom e proteger seu coração
- Entenda os sintomas da pressão alta e evite problemas cardíacos
- USP abre vagas em 16 cursos gratuitos de ‘intercâmbio’
- Psoríase: estudo revela novo possível fator causal da doença de pele
Graças a uma palestra com um dentista em Santos, Luciene acabou sendo encaminhada ao dentista Alessandro Silva, especialista em traumatologia buco-maxilo-facial. Ele recebeu Luciene em seu consultório e se sensibilizou com sua história, contactando então um outro dentista, Marcelo Quintela, especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares e em Ortodontia e Ortopedia Facial.
Juntos, os dentistas iniciaram então uma mobilização entre profissionais da área, organizando uma campanha de recursos, centralizados no Instituto Religar, e preparando Luciene para a cirurgia que reconstruiria sua face. A campanha deu certo. Luciene precisou usar um aparelho ortodôntico especial durante um ano e meio. E, no último dia 6 de abril, num hospital de Santos, ela passou por uma cirurgia de cerca de 11 horas que mudou a sua vida.
Luciene conta que está feliz e preocupada. “Há um longo caminho pela frente”, diz, ciente de que terá que continuar uma reabilitação funcional, que inclui sessões de fonoaudiologia e fisioterapia com profissionais que embarcaram voluntariamente no projeto de Alessandro e Marcelo.
“Acredito que eu possa ser um exemplo pra outras pessoas”, conclui. Separada e mãe de dois filhos, além da transformação física, Luciene ainda está enfrentando outras mudança, como a ida do Rio de Janeiro, onde realizará o sonho de ter um emprego, como atendente de uma empresa de telefonia celular.
Boa sorte na nova fase, Luciene!
- Leia mais: