Mulheres trocam serviços domésticos por leituras na periferia

A ideia da Coletiva ELAS é apresentar trechos e obras feministas a donas de casa da zona norte de SP

O Coletiva ELAS é um grupo artístico liderado pela atriz Rafaela Castro

Já imaginou a moeda de troca de um serviço ser a leitura de um trecho de uma obra literária? Essa é a proposta do jogo performático “Cuidando da Casa”, da Coletiva ELAS, em que o grupo artístico liderado pela atriz Rafaela Castro oferece às donas de casa da zona norte de São Paulo um dia de trabalhos domésticos, como lavagem de roupa, limpeza da casa ou até mesmo preparação de comida.

A ideia da iniciativa é fazer com que as mulheres que vivem na região do Jaraguá, zona norte da cidade, tenham acesso e leiam trechos e obras feministas, enquanto as atrizes fazem o trabalho doméstico.

O jogo cênico da Coletiva ELAS faz parte do projeto M.U.L.H.E.R, contemplado pelo Programa Municipal de Valorização de Iniciativas Culturais – VAI, que visa misturar a ficção e a realidade de duas atrizes periféricas com as histórias de vida tecidas em conjunto com mulheres participantes da ação.

Durante todo o processo, as atrizes vão fazer provocações às mulheres, questionando-as sobre o conteúdo lido. Estas, por sua vez, podem interromper a atriz que está trabalhando para sanar dúvidas sobre a leitura também. O encontro não possui tempo limite, sendo encerrado sempre com o fim de um dos motores da ação: ou quando o texto acaba, ou quando o serviço acaba. Para finalizar a imersão, as atrizes vão coletar depoimentos em vídeo das donas de casa sobre a experiência vivida por elas.

A partir dessa ação, a Coletiva produzirá uma performance cênica baseada na vivência com essas mulheres e irá apresentá-la na EMEF Brigadeiro Henrique Raymundo Dyott Fontenelle e no CEU Pêra Marmelo, em 12 sessões gratuitas e abertas ao público geral. O processo criativo tem orientações da artista convidada Mônica Rodrigues, que fará a preparação vocal do elenco. As apresentações estão previstas para acontecer em junho de 2018, mas ainda não há datas fechadas.

Além da performance cênica, o grupo produzirá um fanzine como forma de registro do trabalho. O impresso será distribuído após o término das apresentações e serão deixados alguns exemplares em equipamentos públicos.

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