‘Ninguém virá cuidar de você’: mãe faz apelo para o autocuidado

“Sim, você em primeiro lugar. Seja responsável pelo seu estado como um todo, porque, minha querida, ninguém mais será”, diz o texto

Comumente ouvimos em rodas de amigos ou entre familiares que o “instinto materno” é algo natural da mulher. E que, além de tudo, essa “aptidão” se expande não só para seus filhos, mas para os outros.

Algumas mães até dizem que, depois que se tornaram mãe, é como se fossem “mães do mundo”.

O problema é que essa ideia acaba trazendo mais responsabilidades e peso para os ombros da mulher. Se não houver cautela, o hábito de cuidar de tudo e de todos pode gerar mais frustração do que qualquer outra coisa.

E é exatamente sobre isso que Sarah Siders escreveu para o site norte-americano Scary Mommy (algo como Mãe Assustadora, em tradução livre). Mãe de dois meninos e atual terapeuta e coach pessoal para pais de crianças na primeira infância, Siders fez um apelo para a necessidade do autocuidado.

Sua experiência pessoal foi marcada pela depressão pós-parto e crises de ansiedade. Ter superado esses dois quadros a fez querer ajudar outros cuidadores a amarem e aceitarem a si próprios.

Após a maternidade, houve um período em que ela acreditava ser genuíno e nobre de sua parte ajudar e cuidar de todos a sua volta.

“Por anos eu era a mãe de todo mundo, mas nunca cuidei de mim mesma. Pensava que essa era uma atitude nobre e assumi que isso significava me sacrificar mais do que os outros”, relatou.

Durante um voo, ela considerou egoísta a orientação de segurança da companhia aérea ao afirmar que, em caso de despressurização da aeronave, é necessário vestir sua máscara de oxigênio primeiro, antes de ajudar aos outros. Isso é válido até mesmo se o “outro” em questão for uma criança.

“Eu me achava uma ótima pessoa, mas porque estava sempre tão cansada e ressentida?”,  questionou-se.

No lugar de nutrir a si própria, ela decidiu curar outras pessoas esperando que teria um retorno. Para Siders, essa doação de si resultaria em algo. Alguém faria o mesmo por ela e identificaria suas necessidades. Mas isso não acontecia.

“Um sentimento de insatisfação cresceu como um vício, uma doença. Minha alma entrou em caos e desordem e eu seguia me perguntando insistentemente quando alguém viria para cuidar de mim, assim como faço com os outros”.

Ela foi se tornando uma pessoa amarga, mas que continuava servindo.

Certo dia, durante o caminho do trabalho para casa, ela fez uma lista mental das várias contribuições de zelo e amor que ela considerava ter feito por outras pessoas. Ao mesmo tempo, identificou que esse era o motivo por estar tão irritada.

De repente, um pensamento veio à sua mente:

“Sarah, ninguém virá cuidar de você. Não há uma mãe vindo com sopa de frango. Se você não cuidar de você, ninguém o fará “.

Hoje ela se intitula como uma “mãe em recuperação” e conta que, como terapeuta, aprendeu durante seu treinamento que é a única pessoa no controle de sua vida e responsabilidades. Ela busca, todos os dias, ter o autocontrole de dizer “Sim” e “Não” para os outros com o foco principal de priorizar seu equilíbrio.

“Naquele dia eu aprendi que uma pessoa que não tem controle de si mesma, que compulsivamente diz “Sim” e acredita que o sacrifício sem autocuidado é nobre, está refém de suas próprias insatisfações”.

A mensagem de Sarah Siders para ouras “mães em recuperação” é: coloque sua máscara de oxigênio primeiro, porque é impossível cuidar dos outros com generosidade verdadeira, sem esperar nada em troca, se você ainda não sabe as necessidades do seu corpo, mente e alma”.

Outro ponto que ela ressalta é a importância de verbalizar o que precisa para companheiros ou companheiras, sem esperar que alguém adivinhe. E, de novo, se colocar em primeiro lugar.

“Sim, você em primeiro lugar. Seja responsável pelo seu estado como um todo, porque, minha querida, ninguém mais será”.

Clique aqui para ler na íntegra, em inglês.

Leia mais: