No Piauí, homem é preso por feminicídio após contar em áudio a amigo
Ex-namorado matou Francisca Gorete dos Santos a pauladas após discussão
O Tribunal do Júri da Comarca da cidade de Picos (PI) condenou Antônio José da Silva a 15 anos e 7 meses em regime fechado por feminicídio. Ele matou a ex-namorada Francisca Gorete dos Santos no dia 4 e março a pauladas e mandou áudio para um amigo contando o crime. O áudio teria vazado nas redes sociais.
Segundo o G1, Francisca foi até o trabalho de Antônio esperar que acabasse o expediente. Foi quando ele percebeu que o pneu de sua moto estava furado e foi até um posto para trocar. Ela foi atrás, eles discutiram e foi então que ele pegou um pedaço de madeira e a matou.
O ex-casal tem uma filha, mas não estavam mais juntos “há muito tempo”, segundo relato da delegada. A ex teria ficado com raiva porque ele teria encontrado com a filha e não deu atenção a ela.
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Antônio confessou o crime e a gravação de áudio. Na segunda-feira passada, dia 11, ele foi preso e na última segunda, 18, o Conselho de Sentença votou pela condenação dele.
A juíza tinha fixado a sentença em 18 anos e 9 meses, mas o Conselho de Sentença alegou que Antônio reagiu “sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima” e por isso a pena foi diminuída.
#ElaNãoPediu: Catraca lança campanha contra violência doméstica
Os números são impactantes: pesquisas mostram o crescimento de vítimas de feminicídio e agressões contra mulheres a cada ano no Brasil. De 2017 para 2018, por exemplo, a alta de feminicídios foi de 4%. Em 2017, mais de 221 mil mulheres procuraram delegacias de polícia para registrar agressões em decorrência de um problema social complexo, bastante conhecido, mas pouco debatido: a violência doméstica.
Os dados são do Atlas da Violência e do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019. Esse tipo de violência atinge principalmente mulheres negras, mas também faz entre suas vítimas mulheres brancas, indígenas, pardas, amarelas. Não faz distinção entre adultas, idosas, jovens e crianças, nem entre mulheres cis ou trans, e héteros, lésbicas ou bissexuais.
Atinge quem mora na região Norte do Brasil assim como quem está no Nordeste, no Centro-Oeste, no Sudeste ou no Sul. Tampouco escolhe classe social: dia a dia, faz vítimas em comunidades pobres, na classe média e também em casas luxuosas. Ela não distingue vítimas com preferência ideológica à esquerda, à direita nem ao centro.
Depois de consultar especialistas no tema — a promotora Fabíola Sucasas, do Ministério Público de São Paulo, Jamila Jorge Ferrari, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher do Estado de São Paulo, e Ana Beatriz El-Kadri, da ONG Mapa do Acolhimento —, a Catraca Livre desenvolveu a campanha #ElaNãoPediu, de enfrentamento à violência doméstica.