Opinião: Bolsonaro, Haddad, estupro, incesto e a masturbação

Como se fabricam mentiras pelas redes sociais

Quanto foi ministro da Educação, Fernando Haddad  obrigou colégios a adotarem um livro incentivando pais a estuprarem suas filhas e  incentivou  adolescentes a se masturbarem  nos pátios das escolas – aliás,  um vídeo didático ensinaria às crianças como masturbarem.

Para uma pessoa com um mínimo de bom senso e informação, essas “notícias” acima parecem maluquices. Mas muita gente leva sério. Elas foram encontradas numa investigação da revista Época, ao se infiltrar nos grupos de WhatsApp de apoio a Jair Bolsonaro.

“Formados com apoiadores e simpatizantes de todas as regiões do Brasil, são centenas de grupos. Segundo alguns militantes, mais de 800. Muitos estão lotados, com o máximo de 256 participantes permitidos pelo aplicativo. A revista ÉPOCA participou de dez deles para entender como pensam e o que compartilham os apoiadores de Bolsonaro. São milhares de postagens por dia defendendo os pesselistas, atacando petistas, se manifestando contra o feminismo e pregando o fim dos direitos humanos no tratamento dos criminosos”, afirma a revista.

Absurdas ou não, o fato é que, nessas eleições, as Fake News estão exercendo influência. Abaixo, por exemplo, uma “foto” do que seria Manuela D’Ávila caso assumisse a presidência.

Haddaad foi acusado de distribuir, quando ministro da Educação, livro incentivando incesto. Na época, ele nem era ministro, mas prefeito de São Paulo.

 
 

O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, um dos maiores especialistas do Brasil, afirma que as notícias falsas – também conhecidas como Fake News – terão impacto no resultado das urnas.
Motivo: uma imensa parcela dos eleitores se informam de política no WhatsApp – segundo o Datafolha, 61% entre os eleitores de Bolsonaro; 38%, entre os de Haddad.

A desinformação sempre fez parte do jogo político. Mas agora há três diferenças.
1)As redes sociais espalham a mentira com muito mais rapidez;
2)As novas tecnologias facilitaram o acesso a truques de edição de vídeo e fotos;
3)As mentiras têm um nível de tosquice raramente visto, como a “previsão” de Chico Xavier na vitória de Bolsonaro. Foram vítimas dessa onda de Fake News de Datena, passando por Ivete Sangalo a padre Marcelo.
As mentiras não têm ideologia e partidos. Mas, neste quesito, segundo observatórios de mídias digitais, os fãs de Bolsonaro têm vencido de lavada. Até porque grande parte da força do deputado está na sua competente organização na internet, com suas milícias digitais.
O jornalismo sério só vai atuar depois que a mentira se propagou. Mas não consegue a mesma velocidade. Nem propagação. Vamos reconhecer que os jornalistas estão fazendo o que podem, chacando com rapidez as informações. Mais: criaram até um consórcio de dezenas de meios de comunicação para lidarem com tanta demanda.
A Federação Espírita Brasileira após entrou em contato com pesquisadores de Chico Xavier. Viu que o texto não dele. Mas muito menos gente soube do desmentido.
É um desafio brigar de igual para igual no WhatsApp, afinal as mensagens são criptografadas.
Existem melhores mecanismos no Twitter e Facebook, usando-se filtros e checagens, capazes de identificar e até tirar perfis do ar.
A verdade é que nós, jornalistas, estamos perdendo a guerra da informação. É muito mais fácil divulgar uma mentira do que desmenti-la.