Opinião: entre Bolsonaro e Haddad, Brasil aperta tecla ‘Foda-se’

Sem uma candidatura sólida de centro, eleitor ficou sem opção mais moderada

Créditos: Reprodução

Analisando as pesquisas de opinião, vemos que os brasileiros mais responsáveis tiveram de apertar, por falta de opção, a tecla “Foda-se”.

Os políticos não souberam articular uma candidatura sólida de centro, amparada numa rede forte de partidos, para oferecer uma solução moderada e comprometida com reforma impopulares e necessárias. O brasileiro não está votando a favor de alguém. Mas contra alguém.

Até porque,  os partidos de centro estão envolvidos em inúmeros casos de bandalheira, impedindo o respeito da opinião _ aí uma das explicações para o naufrágio de Alckmin.

Se o Brasil não fizer, por exemplo, uma reforma da Previdência, simplesmente quebra, tirando ainda mais recursos de saúde, educação e segurança.

Bastariam fazer contas simples _ muito simples _ para ver que, sem uma reforma profunda da Previdência, o país quebra. O buraco no ano passado _ e neste ano vai ser maior _ foi de R$ 268 bilhões. Traduzindo: uma Petrobras. Esta conta só vai piorar. E aí mais uma conta simples: a população está vivendo mais, com menos gente na ativa para pagar os gastos previdenciários. Tão simples e tão difícil de entender.

A tecla “Foda-se” se vê na opção _ ou falta de opção _ que fez o Brasil optar por Bolsonaro e Haddad no segundo turno. Bolsonaro não tem um partido político. Isso significa  que, para governar, terá de conseguir maioria no Congresso negociando com o chamado “Centrão”.

Eu já escrevi aqui: esse tipo de aliança, como todos sabem, tem custo _ e o custo é alto. Rapidamente, virão as denúncias em torno dos acertos,  arranhando a imagem de “antissistema” de Bolsonaro. Haverá acusações de “estelionato eleitoral”.

Uma opção seria não ceder. Mas também não aprovar nada e jogar o país na crise, alimentando a chama de uma intervenção militar.

Em caso da vitória de Fernando Haddad, seu  partido é mais estruturado, mas insuficiente para aprovar medidas urgentes e evitar o colapso das contas públicas. Obviamente teria de negociar com o “Centrão” _ o que não seria necessariamente um problema. Lula e Dilma tiveram amplo apoio desses partidos.

Mas o PT não acredita profundamente nessas reformas. Aliás, faz campanha contra elas.  Mesmo que seus líderes saibam, em conversas reservadas, de sua importância.