Paciente mantida em cárcere sobre falsa médica: ‘Espero que pague’

“Ela fez com que eu me sentisse culpada e eu estava ali, chorando, cheia de dor", relatou Daiana Cavalcanti; Kellen pode ter operado mesmo não sendo médica

Daiana Cavalcanti, paciente que acusa Bolívar Guerrero de mantê-la em cárcere privado falou sobre a falsa médica, Kellen Cristina de Queiroz dos Santos, que teria feito procedimento cirúrgico nela sem nenhum tipo de qualificação.

Conhecida por “Dra. Kellen” no Hospital Santa Branca, em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, a técnica em enfermagem é acusada de colocar silicone em paciente sem ser uma profissional capacitada, além de receber denúncias de outras pacientes alegando que ela se passava por médica para vender cirurgias e também operar.

Paciente mantida em cárcere sobre falsa médica: ‘Espero que pague’
Créditos: Reprodução/Instagram
Paciente mantida em cárcere sobre falsa médica: ‘Espero que pague’

“Não quero o mal de ninguém, mas espero que ela pague pelo que fez”, disse Daiana Cavalcanti em entrevista ao Metrópoles.

Em uma conversa pelo WhatsApp, antes dos familiares da vítima procurarem a polícia, Kellen escreveu para Daiana: “Quero que você fique tranquila e confiante. Você vai sair dessa e vai ficar linda”, disse a técnica de enfermagem.

Daiana chegou a fazer uma abdominoplastia com o médico em maio deste ano, no entanto por conta de complicações, foi necessário ser internada. Ela ficou com a abdômen infeccionado após a cirurgia.

A falsa médica

Durante a internação, ela conheceu Kellen Queiroz, funcionária da equipe de Bolívar que teria se apresentado a ela como médica. Mesmo com a barriga aberta, infeccionada, e com pontos de necrose, Daiana foi convencida a pagar R$ 14 mil para por prótese de silicone nos seios.

“Ela fez com que eu me sentisse culpada e eu estava ali, chorando, cheia de dor. Ela vinha, se mostrava preocupada, dava duas injeções de benzetacil de cada lado, mas meu seroma não parava de sair”, falou Daiana.

Cavalcanti acredita que a própria Kellen possa ter realizado o procedimento cirúrgico em seu peito, que necrosou poucos dias depois.

Daiana relata que a técnica ganhou sua confiança pois se mostrava preocupada pela saúde dela. Kellen teria dito que quem colocaria sua prótese não seria Bolívar, mas sim ela própria.

Após a nova cirurgia não dar certo, a família da vítima foi à delegacia. Kellen enviou mensagens alegando se sentir enganada pela paciente: “você traiu minha confiança se queixando para a polícia como se nada tivéssemos fazendo. Estou muito decepcionada com você”, falou a falsa médica.

Exercício ilegal da profissão

Em seu depoimento para a polícia, Kellen Queiroz falou que é estudante de medicina, porém está com o curso trancado. De acordo com Daiana, ela se apresentava como médica e é conhecida dessa forma no Hospital Santa Branca, onde a paciente ficou internada por dois meses.

O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro informou que Kellen não possui o registro de técnica de enfermagem definitivo. Em 2009, ela tinha só o provisório, mas não continuou com o processo para pegar a licença definitiva, o que é configurado como exercício ilegal da profissão.

Bolívar Guerrero Silva foi detido dia 18 de junho após a família de Daiana fazer um registrar denúncia na delegacia. A mulher havia tentado transferência de hospital por duas vezes, mas foi impedida pelo cirurgião nas duas tentativas.