Papa Francisco determina punição severa a crimes sexuais na Igreja
Diretriz também responsabiliza superiores religiosos por omissão e negligência nos casos de abuso
A partir de dezembro de 2021, clérigos que cometerem abuso sexual contra adultos também serão criminalizados, segundo determinação do papa Francisco. Casos envolvendo crianças e adolescentes já estavam previstos no Código de Direito Canônico.
A nova diretriz também prevê demissão a bispos e superiores religiosos que agirem por omissão ou negligência. Passa a ser obrigatório relatar as denúncias de abuso.
A mudança visa evitar acobertamentos de práticas que não condizem com a posição da Igreja.
Em carta apostólica, papa Francisco afirma que crimes de abuso sexual causam danos físicos, psicológicos e espirituais às vítimas e “lesam a comunidade dos fiéis”.
“Para que tais fenômenos, em todas as suas formas, não aconteçam mais, é necessária uma conversão contínua e profunda dos corações, atestada por ações concretas e eficazes que envolvam a todos na Igreja.”
Além da punição eclesiástica, o Código Penal do Brasil prevê crimes sexuais contra adultos no artigo 215. A medida, no entanto, procura diminuir o desgaste da Igreja Católica no mundo.
Em 2002, uma reportagem do jornal “The Boston Globe” revelou o padre John Georghan abusava sexualmente de crianças, com o conhecimento do arcebispo de Boston. O caso foi retratado no filme “Spotlight”, vencedor do Oscar em 2016.
O Brasil também testemunhou escândalos recentes dessa natureza.
Padre acusado de abusar sexualmente de monges
No caso mais recente da Igreja católica, Ernani Maia dos Reis, do Mosteiro Santíssima Trindade de Monte Sião (MG), foi acusado de abuso sexual e moral por oito monges e 11 leigos. Os crimes que teriam ocorrido entre 2011 e 2018, mas vieram à luz só agora.
O padre que atraía coroinhas com doces
O padre Delson Zacarias dos Santos, de 47 anos, acusado de abuso sexual e estupro de vulnerável, enviarou ao Vaticano, junto com o processo, uma carta requerendo o fim do cargo de sacerdote no Distrito Federal. A Arquidiocese de Brasília já o havia afastado das funções religiosas quando o caso veio à tona.
A decisão de renúncia é prevista no Código do Direito Canônico.
Conversas “picantes”
A Diocese de Divinópolis (MG) afastou o padre Cléver Geraldo de Sousa por “comportamento moral impróprio e escandaloso a um clérigo”. O decreto administrativo, de 2019, não especifica qual foi a ação cometida pelo religioso que configurou tal comportamento.
Porém, especula-se que o afastamento foi causando pela troca de mensagens picantes entre o sacerdote e um homem casado da cidade. As supostas conversas viralizaram nas redes sociais.
Bispo que cobrava de padres para ocultar casos de pedofilia
Em um dos maiores escândalos de abuso sexual da Igreja Católica no Brasil, revelado em 2019, o bispo emérito da Diocese de Limeira, dom Vilson Dias de Oliveira, foi acusado de de cobrar um “mensalinho do abuso” de padres pedófilos.
O caso mostrou o acobertamento de crimes sexuais por autoridades religiosas. Depois do dossiê ser enviado ao Vaticano, ele renunciou.