Para presidente da OAB, Bolsonaro é cruel e lhe falta empatia
O presidente da República afirmou que poderia contar como morreu o pai de Felipe Santa Cruz, desaparecido na ditadura
Para o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, Bolsonaro foi cruel e demonstrou “falta de empatia” ao declarar que poderia explicar como o pai de Santa Cruz desapareceu durante a ditadura militar (1964-1985). As afirmações foram feitas nesta segunda-feira, 29.
Em nota, Santa Cruz considera que, “goste ou não o presidente”, o que une sua geração com a de seu pai é “o compromisso inarredável com a democracia”, e “por ela estamos prontos aos maiores sacrifícios”.
“O mandatário da República deixa patente seu desconhecimento sobre a diferença entre público e privado, demonstrando mais uma vez traços de caráter graves em um governante: a crueldade e a falta de empatia”, escreveu o presidente da OAB.
Felipe Santa Cruz se diz orgulhoso do pai e cobra as informações do presidente. “Nossas famílias querem saber”, disse, na nota. “É de se estranhar tal comportamento em um homem que se diz cristão. Lamentavelmente, temos um presidente que trata a perda de um pai como se fosse assunto corriqueiro — e debocha do assassinato de um jovem aos 26 anos.”
“Meu pai era da juventude católica de Pernambuco, funcionário público, casado, aluno de direito. Minha avó acaba de falecer, aos 105 anos, sem saber como o filho foi assassinado. Se o presidente sabe, por ‘vivência’ tanto sobre o presente caso quanto com relação aos de todos os demais ‘desaparecidos’, nossas famílias querem saber”, diz a nota.