‘Pavão misterioso’: nova chacota nacional tenta derrubar o Intercept

De acusação de nazista a compra de cadeira na Câmara: o novo micão da extrema direita é hilário e tenta colocar Glenn Greenwald como criminoso

Desde o dia 9 de junho, quando o Intercept Brasil divulgou as conversas comprometedoras do ex-juiz Sérgio Moro a respeito da Operação Lava Jato, representantes da extrema direita pouco contra-atacaram nas redes sociais. O próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL) chegou a levar o atual Ministro da Justiça a um jogo de futebol, e fugiu de perguntas de jornalistas sobre o caso, mostrando ignorar as acusações.

Neste domingo, 16, uma semana após os diálogos virem à tona, surgiu uma nova conta no Twitter chamada “pavão misterioso”, que rapidamente se transformou na maior chacota nacional dos últimos tempos.

Sérgio Moro
Créditos: Sérgio Lima/Poder 360
Sérgio Moro

A conta “pavão misterioso” se mostra como um grupo de hackers que teria divulgado uma série de denúncias contra o jornalista Glenn Greenwald, um dos principais nomes responsáveis pela reportagem do Intercept.

Dentre os absurdos divulgados pelo grupo, um é o de que Glenn Greenwald seria apoiador do nazismo, porque ele supostamente teria posado para uma foto ao lado de um cara supostamente nazista.

Vê-se que utilizamos bastante a palavra “supostamente” porque é impossível dar credibilidade a uma postagem como esta:

“Pavão misterioso” divulga suposta foto de Glenn Greenwald supostamente abraçado com um suposto apoiador do nazismo
Créditos: reprodução/Twitter/oppavaomisterioso
“Pavão misterioso” divulga suposta foto de Glenn Greenwald supostamente abraçado com um suposto apoiador do nazismo

O grupo também elaborou uma descrição bastante peculiar sobre o jornalista:

“Gleenn Greenwald, o advogado brilhante e inescrupuloso, que defende nazistas como quem atravessa a rua, tão esquerdista como alguém pode ser, o homem que se fez financiado pelas sombras e hoje tem sua Jihad própria, cheio de soberba, o mago que morfa ninguém em deputado federal.”, diz a publicação.

Em outra parte dos posts, o grupo chega a ameaçá-lo: “Agora o principal: vc, @ggreenwald, apareça na Rodrigues Alves número 1 no Rio de janeiro, você já esteve aqui diversas vezes renovando sua carteira de estrangeiro, com seu notebook Dell, na quinta-feira e o apresente, não no Apple que usa para ver pornografia.”

Compra de cadeira na Câmara

Em outra acusação, o grupo afirma que Greenwald teria comprado a vaga de Jean Wyllys (PSOL) na Câmara dos Deputados para seu marido, o atual deputado David Miranda (PSOL). O “pavão misterioso” ainda diz que Jean Wyllys recebe uma mesada mensal de dez mil dólares do jornalista do Intercept.

Em represália, o Greenwald rebateu as acusações do grupo. Em uma, inclusive, o tal “pavão misterioso” expõe supostos documentos que mostrariam as transações financeiras. Glenn rebateu de forma irônica:

“Se a rede de bolsonaristas for fabricar documentos falsificados em inglês para tentar espalhar falsas acusações contra mim, pelo menos tenha a cortesia de não ser tão preguiçoso a ponto de errar as palavras básicas”, escreveu o jornalista, apontando erros de inglês no suposto documento.

“E da próxima vez que vocês quiserem forjar um documento em inglês, não esqueçam de expressar os números em inglês, não em português, pra que sua fraude não seja tão óbvia. Demora menos de 30 segundos pra usar o Google Tradutor. Haja preguiça!”, completou.

Rapidamente, nas redes sociais, o “pavão misterioso” se tornou uma grande chacota. A hashtag #PavaoMisterioso figura nos trending topics do Twitter como um dos assuntos mais comentados do Brasil.

Veja abaixo os comentários:

Mas, aparentemente, tem gente que acredita – ou gosta de acreditar:

No vídeo abaixo, é possível ver todos os tweets feitos pelo grupo: