Poluição mata duas vezes mais que o trânsito em SP, diz estudo
O Instituto Saúde e Sustentabilidade divulgou um estudo que mostra dados alarmantes sobre os poluentes atmosféricos do estado
Neste Dia Mundial da Poluição (14 de agosto), o Instituto Saúde e Sustentabilidade divulgou um novo estudo que mostra dados alarmantes sobre os poluentes atmosféricos de São Paulo. De acordo com a pesquisa, a falta de qualidade do ar causou 31 mortes precoces por dia no estado em 2015 – um total de 11.200 no período.
O número representa mais que o dobro das mortes provocadas por acidentes de trânsito (7.867), cinco vezes mais que o câncer de mama (3.620) e quase 6,5 vezes mais que a AIDS (2.922). Ainda segundo o instituto, permanecer duas horas no trânsito da capital equivale a fumar um cigarro.
O problema de saúde pública permanece ignorado pelo poder público porque a “Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente”, CONAMA 03/1990, que estabelece os padrões de qualidade do ar nacionais em vigor até hoje, foi implementada há 27 anos e, portanto, não reflete os novos conhecimentos científicos sobre o tema.
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Apesar de terem dado início a um processo progressivo para que se atinjam os padrões recomendados pela OMS, os estados de São Paulo e Espírito Santo não estabeleceram prazos para o cumprimento das etapas e continuam empregando parâmetros defasados.
“É inaceitável que um problema de saúde pública desta dimensão continue invisível”, adverte o Dr. Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Ensinos Avançados da USP, e um dos autores do relatório.
“O Instituto Saúde e Sustentabilidade propõe a atualização dos padrões de qualidade do ar preconizados pela OMS dentro do menor prazo possível. Embora não altere a situação do ar, mudar o padrão permitirá entender a real situação para que possamos agir para sanar o problema”, completa o especialista.
A pesquisa, que é uma releitura do Relatório de Qualidade do Ar 2015 da CETESB, “Qualidade do Ar no Estado de São Paulo Sob a Visão da Saúde”, promove pela primeira vez a análise dos dados da companhai segundo os padrões recomendados pelo “Air Quality Guidelines, an Update”, da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os coeficientes adotados pela OMS, por sua vez, resultam da análise de centenas de estudos realizados por grupos de pesquisa de várias partes do mundo, incluindo o Brasil, que trouxeram evidências conclusivas relacionando poluição do ar e morbidade e mortalidade prematura.
Doenças cardio e cerebrovasculares, tais como arritmia, infarto do coração e derrame cerebral, representam 80% dos efeitos da poluição do ar. Ela é causa comprovada dos cânceres de pulmão (o mais letal dos tumores) e de bexiga. O ar poluído está também relacionado a 50% dos casos de pneumonia em crianças.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a poluição causou 8 milhões de mortes precoces no mundo em 2015 e é, atualmente, a principal causa de morte por complicações cardiorrespiratórias relacionadas ao meio ambiente.
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