Preso é convidado a conhecer filho gerado em estupro

Estuprada aos 14 anos, Sammy Woodhouse reivindica mudanças na legislação do Reino Unido

Ainda na adolescência, a britânica Sammy Woodhouse engravidou após ser vítima de um estupro. Os anos passaram e ela tentou reconstruir a vida ao lado do filho, hoje adolescente.

Apesar disso, tudo virou de cabeça para baixo quando, recentemente, soube que o conselho do distrito de Rotherham concedeu ao criminoso que a estuprou uma permissão oficial para visitar o filho.

De acordo com o site Reality Check da BBC, especializado em checagem de dados, as normas jurídicas na Inglaterra e no País de Gales preveem que todos os pais, independentemente de quem sejam, devem receber notificação sobre os procedimentos de cuidado dos filhos. Assim sendo, não há distinção nem para condenados por crimes, como um estuprador, por exemplo.

‘E quanto aos meus direitos humanos?’, questionou Woodhouse

Polêmico, o caso ganhou repercussão em todo o mundo e motivou uma série de críticas à entidade, que afirmou que investigará os fatos. Ressaltou ainda que não tinha intenção de prejudicar o filho ou a mãe.

Em entrevista à mídia local, a procuradora Denise Lester, ex-presidente do subcomitê de direito das crianças da Sociedade do Direito, comentou o caso. “A questão aqui é a lei que, tal como está, permite que estupradores e outros criminosos participem nos cuidados e em outros aspectos da vida da criança”.

Para Sammy, o autor do crime Arshid Hussain, condenado em 2016 a 35 anos prisão pelo abuso sexual de mais de 50 garotas, é considerado “um perigo para ela e para crianças”.

A permissão foi concedida ao criminoso após ele ser incluído como “parte demandada” em uma ação judicial que envolvia o filho ajuizada em uma vara de família local.

No processo, o Conselho de Roterham pedia que o acusado dividisse com Sammy parte das responsabilidades sobre o rapaz, que apresentava “necessidades complexas”. A entidade prometera também mantê-lo informado sobre os procedimentos futuros para permitir que ele conhecesse e se comunicasse com o filho.

O Ministério da Justiça se manifestou sobre o “incidente”: “é obviamente bastante lamentável e que os departamentos relacionados, bem como a autoridade local, trabalharão com urgência para entender e fazer face às falhas identificadas no caso.”

Woodhouse luta agora por uma alteração na lei de 1989, apoiada pela deputada Louise Haigh, que considera a situação “totalmente inaceitável”. /Com informações do G1.