Sarah Fonseca diz ter sido confundida com pedinte no Rio: ‘Racismo’

"Se fosse uma pessoa branca se aproximando da mesa, ele não teria feito nada", disparou a influenciadora digital

Sarah Fonseca, ex-integrante do reality da MTV “De Férias Com O Ex”, diz ter sido confundida com uma pedinte por um funcionário de uma padaria em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro. Ela o acusou de racismo e publicou um vídeo nas redes sociais nesta segunda-feira, 7, em frente ao estabelecimento relatando o ocorrido.

Sarah Fonseca diz ter sido confundida com pedinte no Rio: ‘Racismo’
Créditos: Reprodução/Instagram @sarahafonseca
Sarah Fonseca diz ter sido confundida com pedinte no Rio: ‘Racismo’

Tudo teria iniciado após ela ir falar com o namorado e a sogra, que estavam sentados em uma parte pertencente ao estabelecimento. Foi nesse momento que ela teria sido confundida com uma pedinte. O funcionário falou para ela parar de pedir dinheiro e não incomodar os clientes.

Em conversa com a coluna de Léo Dias, ela explicou em mais detalhes do ocorrido.

“Eu estava indo pra essa padaria com meu namorado, a mãe dele e o marido. No meio do caminho eu decidi voltar pra casa porque estava com dor de cabeça. Voltei tudo e quando cheguei em casa, reparei que a chave não tava comigo e não tinha como eu entrar. Voltei o caminho todo e fui até a padaria (chamada de Baked) que seria nosso destino. Vi eles sentados numa mesa na calçada, atravessei a rua e fui logo na direção deles na mesa”, começou.

“Só consegui dizer uma frase ou mal completar: “I forgot the key with you’ (Esqueci das chaves com você). Meu namorado, a mãe e o marido dela são gringos. Todos da Alemanha. Eles não falam português. Assim que mal terminei a frase, o segurança já apareceu super rápido ao meu lado pedindo pra eu sair. Como se eu estivesse pedindo dinheiro ou importunando eles”, continuou a ex-participante do reality da MTV.

“Logo perguntei por que ele estava lá e o que ele queria comigo. Ele não pediu desculpa em nenhum momento. Ele estava lá para me retirar dali. Meu namorado que não fala português ficou sem entender nada enquanto eu discutia com esse funcionário da padaria, que parecia ser o segurança. Logo eles se levantaram para ir embora comigo porque não fazia sentido ficarem ali. Assim que levantaram, pedi para ficarem no canto porque continuei discutindo com o funcionário e comecei a gravar sobre o ocorrido. Ele ficou sentado e não fez questão alguma de entender o problema ou pedir desculpa”, explicou a influenciadora.

Sarah Fonseca ainda protestou dizendo que se fosse uma mulher branca, essa situação de constrangimento jamais teria acontecido.

“Até quando vamos ser vistos assim? Eu me senti muito humilhada porque tudo aconteceu muito rápido. Eu mal cheguei e já fui abordada. Na frente de todos que estavam no local e principalmente do meu namorado e família. Um absurdo isso! A padaria não instruiu seu funcionário. Ele agiu com injúria racial comigo. Se fosse uma pessoa branca se aproximando da mesa, ele não teria feito nada! E eu ainda perguntei pra ele: isso tudo só por que eu sou preta? Mal sabia ele que eu já fui cliente desse mesmo lugar várias vezes. Eu já me sentei naquele local. Eu sou moradora da região. A cor da minha pele precisa definir minha atitude? Precisa mesmo definir quem sou? Inacreditável”, relatou.

Pronunciamento do estabelecimento

“A Equipe Baked ficou ciente nas últimas horas que um episódio de discriminação ocorreu hoje em nossa loja, envolvendo prestador de serviços do bairro e uma de nossas clientes.

Acreditamos que essa situação é extremamente grave, e estamos completamente indignados.

Gostaríamos de esclarecer que o segurança em questão não é funcionário contratado da Baked, e sim um prestador de serviços para a rua, e de maneira nenhuma ele nos representa.

Já entramos em contato com a associação de lojistas informando o ocorrido, para que sejam tomadas as medidas necessárias o quanto antes.

Acima de tudo gostaríamos de prestar todo o nosso apoio a Sarah, e já entramos em contato com a mesma para que possamos a auxiliar em quaisquer medidas que sejam necessárias.

Temos vídeos, testemunhas e funcionários à disposição para o que ela precisar.

Lamentamos muito que um ato como esse possa ter acontecido, principalmente em nossa loja, e reiteramos que tal postura é totalmente contrária aos valores da empresa.

A Baked repudia toda e qualquer discriminação!”.

Racismo é crime

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo.