Sem tabu: bloco convida mulheres a amamentarem no meio da folia

Amamentar em público, embora devesse ser algo absolutamente normal, ainda é um tabu. Isso acontece porque, infelizmente, há preconceito e retaliação por parte da sociedade, que sexualiza corpos femininos ao mesmo tempo em que discrimina atos naturais como o aleitamento.

Uma pesquisa realizada em 2015 pela Lansinoh Laboratórios contemplando vários países no mundo aponta que, no Brasil, 47,5% das mulheres dizem já terem sofrido preconceito por darem de mamar em locais públicos.

Curiosamente, a mesma sociedade que observa uma mãe amamentando com olhares de reprovação também exalta o corpo feminino exposto durante o Carnaval. Foi essa reflexão que o bloco Não Serve Mestre, em São Paulo, levou para as ruas no dia 12 de fevereiro, no bairro de Pinheiros.

“Seio para fora é para ser normal o ano todo. Pela amamentação livre em qualquer lugar” – dizia a faixa carregada pelas passistas no bloco Não Serve Mestre.
“Seio para fora é para ser normal o ano todo. Pela amamentação livre em qualquer lugar” – dizia a faixa carregada pelas passistas no bloco Não Serve Mestre.

Esta foi a quarta edição do bloco, que este ano criou a ação #PeitoAberto, convidando mulheres a amamentarem seus bebês no meio do desfile. Duas passistas levaram uma faixa com a frase: “seio para fora é para ser normal o ano todo. Pela amamentação livre em qualquer lugar”, estimulando a conscientização sobre a amamentação sem censura.

“Amamentar no Brasil ainda é um tabu, por incrível que pareça. Em pleno século 21, ainda temos que brigar por algo que deveria ser natural. No país do samba, onde topless é clichê e a nudez é banal, as mães que amamentam ainda são obrigadas a lidar com olhares de reprovação e moralismos”, declarou Gabriela Guedes, uma das mães que curtiu o bloco Não Serve Mestre.

Apesar de 98% das brasileiras concordarem que amamentar é a melhor forma de nutrir o bebê, 64,4% consideram constrangedor – ainda de acordo com a pesquisa. Todos esses números reforçam a importância de uma discussão consistente sobre a importância da naturalização da amamentação em todos os espaços e situações.

Vale destacar também que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e complementado até os dois anos.

De acordo com pesquisa da Lansinoh Laboratórios, 47,5% das mulheres dizem já terem sofrido preconceito por darem de mamar em locais públicos no Brasil.
De acordo com pesquisa da Lansinoh Laboratórios, 47,5% das mulheres dizem já terem sofrido preconceito por darem de mamar em locais públicos no Brasil.

Em 2015, na cidade de São Paulo, foi apresentado o projeto de lei 16.161, criado pelos vereadores Aurélio Nomura (PSDB), Patrícia Bezerra (PSDB) e Edir Sales (PSB) e sancionado pelo prefeito Fernando Haddad (PT) prevendo multa para estabelecimentos que proíbam o aleitamento materno.

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