SOS Amapá: população lança petição por mudanças no rodízio
50 mil pessoas se juntaram a abaixo-assinado para pedir que o cronograma de fornecimento de energia elétrica seja revisto no Estado
Já faz mais de duas semanas que os amapaenses convivem com os transtornos causados pela crise energética decorrente de um incêndio na principal subestação do Estado do Amapá. Cansadas e indignadas com o rodízio imposto à população, que limita a distribuição de eletricidade em turnos de horas, mais de 50 mil pessoas se uniram a um abaixo-assinado para pedir que seja feita uma revisão no cronograma do fornecimento de energia.
Apagão no Amapá e calor extremo faz cadeirante dormir na rua
“Os direitos mais básicos do povo do Amapá foram covardemente atacados através de um vergonhoso cronograma de fornecimento de energia publicado pela Companhia de Eletricidade do Amapá”, afirma o autor do abaixo-assinado, Manoel Vidas, no texto da petição. Segundo o cidadão que lançou o manifesto na plataforma Change.org, o esquema de rodízio sentenciou milhares de amapaenses a não dormirem da meia-noite às 6 horas todos os dias.
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Sem energia elétrica, o sistema hidráulico do Estado também foi afetado, deixando os moradores em situação de quase escassez de água encanada e mineral, além de gelo. Com temperaturas climáticas acima dos 30º graus, atravessar a noite sem ar condicionado ou ventilador impôs um castigo aos amapaenses de 13 das 16 cidades afetadas pelo problema.
Apesar de uma nova programação no rodízio já ter sido adotada pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) – incluindo o funcionamento da energia de forma fracionada durante o dia e à noite em datas alternadas, além de intervalos menores entre os turnos -, a população espera que o cronograma passe por novas revisões urgentemente.
“Mesmo com o novo cronograma de energia, milhares de amapaenses desde 3/11/2020 não podem ter uma noite de sono mínima por causa da falta de energia que, unida ao grande calor regional, torna as noites sem qualquer sistema de ventilação elétrico um verdadeiro inferno, deixando nossos bebês e crianças sem dormir e chorando todas as noites”, destaca o autor da petição, lembrando ainda das pessoas com deficiência, idosos e trabalhadores.
Entre as propostas de revisão do cronograma solicitadas pelo abaixo-assinado estão: que nenhum amapaense fique sem energia da meia-noite às 6 horas todos os dias; e que a energia dos centros comerciais e regiões que não possuem residências, como pontos turísticos, seja desligada e remanejada para as residências a partir das 18 horas até às 6.
O manifesto ainda denuncia privilégios no fornecimento do serviço, apontando que conjuntos “que não possuem unidades de saúde 24 horas ou estações de abastecimento de água foram agraciados com energia 24 horas sem interrupções e sem qualquer justificativa”. A petição exige também que as autoridades investiguem esses possíveis casos de “privilégio”.
A crise de energia
O problema no fornecimento de energia elétrica, que deixou quase 90% da população do Estado às escuras, começou na madrugada do dia 3 quando houve uma explosão na principal subestação do Amapá, na zona norte da capital do Estado. O incêndio atingiu três transformadores, sendo que um deles já estava parado para manutenção desde o fim de 2019.
O Estado entrou em situação de emergência. Sem energia elétrica e sem água, comércios e demais serviços, como o de alimentos, foram afetados. Filas se formaram nos supermercados e logo as prateleiras começaram a se esvaziar. O abastecimento de gasolina, assim como serviços de internet e telefonia também sofreram impactos.
No dia 7, um dos transformadores atingidos pelo incêndio foi recuperado e a energia voltou a ser parcialmente distribuída de forma racionada. Neste meio tempo, os moradores tomaram as ruas das cidades afetadas para protestar pela regularização do serviço.
Nesta segunda-feira (16), cerca de 40 geradores termelétricos chegaram ao Amapá acompanhados da expectativa de, gradativamente, restabelecerem o fornecimento de energia para todo o Estado. Dois dias depois, entretanto, os amapaenses sofreram o golpe de um novo apagão. Após o blecaute, a energia voltou a ser distribuída, mas com registro de oscilações.
O fornecimento deve ser normalizado apenas quando um segundo transformador for montado na subestação. O equipamento, que pesa aproximadamente 100 toneladas, foi transportado do município de Laranjal do Jari, no sul do Amapá, e chegou nesta quarta (18).
A subestação onde a explosão aconteceu é operada pela concessionária LMTE (Linhas de Macapá Transmissora de Energia). Investigações relacionadas à origem e responsabilidades do incêndio foram abertas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Polícia Civil e pela Polícia Federal.