Um ano de superação
Por mais que este ano seja o que tivemos que ficar em casa, que para sempre todas as mulheres saiam das gaiolas que as prendem
O ano ainda não acabou mas é quase inevitável não fazer um balanço do que aconteceu até aqui. No geral, foi e tem sido um ano bem difícil, de superação. Tivemos que nos reinventar, adaptar nossa rotina, conciliar trabalho e vida doméstica vivendo tudo em um mesmo ambiente. E isso no caso das pessoas privilegiadas que mantiveram seus empregos na crise. Não foi o caso de muitas. Sem contar as mais de 150 mil vidas perdidas para essa pandemia no nosso país. Tudo isso se colocado na balança, pesa para um lado negativo.
Ajude uma mãe: campanhas apoiam mulheres durante pandemia
Tivemos que postergar planos e sonhos. Abrir mão de projetos por tempo indeterminado. Aprender a lidar com as incertezas. Tudo ao mesmo tempo em que precisamos cuidar da nossa saúde física e emocional, da melhor forma possível.
- Universidade de Dublin abre inscrições em programa de bolsas integrais
- Apostas ao vivo: como funciona e melhores casas
- HDL baixo: é possível saber quando o colesterol bom está baixo?
- Descubra como aumentar o colesterol bom e proteger seu coração
No Free Free também foi assim. Tivemos que nos adaptar a essa nova realidade que foi imposta. Começamos o ano com mil planos. Nem todos saíram como imaginávamos e tantos outros fizemos acontecer no meio digital. Não conseguimos aceitar, logo no começo da pandemia, as dificuldades por qual estavam passando tantas mulheres chefes de família. Mobilizamos nossos parceiros e conseguimos doar mil cestas básicas. Também fizemos o Círculo Free Free, uma programação de conversas online, porque sabíamos que muitas de nós estavam se sentindo solitárias, apesar de toda a hiperconexão a qual estamos submetidas. Tentamos diminuir um pouco a sensação de isolamento que afetou tantas pessoas.
Fizemos campanhas de vídeo com mulheres incríveis, cada uma em sua casa, sendo sua própria diretora, que abordaram temas como a violência de gênero, racismo, meio ambiente, a importância de ter mais mulheres na política e uma justa homenagem às mulheres na linha de frente do combate à Covid-19. Heroínas que em vez de capas usam jalecos, mas que no final do dia são mulheres como nós, com medos, inseguranças e a capacidade incrível de lutar pelo que acreditam.
Foi um ano difícil, mas fica mais fácil quando se tem um propósito que nos indica aonde queremos chegar. Nem sempre sabemos o caminho, mas quando as situações surgem, sabemos o que devemos fazer para estar alinhadas com nossos objetivos.
E o reconhecimento também vem. Yasmine Sterea, que é a fundadora e CEO do Free Free, foi escolhida como mulher do ano na categoria “Gente que Faz” no prêmio Geração Glamour 2020. Evento que teve o mais lindo clima de mulheres celebrando mulheres, que nos dá a coragem de afirmar que os tempos de competição entre nós serão coisa do passado muito em breve. Abaixo está o discurso que Yasmine fez:
“Sempre tive a moda como um veículo de possibilidades. Atuei na moda por 12 anos na ‘Vogue’, trabalhando com expressão e identidade, até virar mãe. Perdi minha mãe com 21 anos, em uma época em que as mulheres tinham que se encaixar em caixinhas, em que mulheres livres eram chamadas de loucas. Hoje essa gaiola de ouro se abriu. Mulheres loucas são as que tentam ficar nessas caixas. Esse prêmio eu dedico à minha mãe, à minha filha e a todas as mulheres. Nenhuma mulher merece sofrer com esse mito da mulher perfeita ou tentar se encaixar e ser quem não é. Quando fazem isso perdem a força potente que há em todas nós. A gente acaba aceitando abusos, se limita, ficamos sujeitas à sofrer violência, sofrer depressão, a gente enlouquece no processo de se encaixar. Fico muito honrada porque o Free Free virou mais que um trabalho, é um projeto que se transformou. Minha filha foi a semente dessa transformação. Já impactamos mais de 7 mil mulheres diretamente e 100 mil indiretamente. Meu trabalho se tornou isso, construir um mundo com mais equidade, mais justiça, mais liberdade, para que nossas meninas não passem pelos mesmos abusos, ditaduras e processos que fizeram a gente querer entrar nessa gaiola de ouro que não existe mais. Mulheres que se expandem não cabem em caixinhas de mulher perfeita. Somos perfeitamente imperfeitas”.
Por mais que este ano seja o que tivemos que ficar em casa, que para sempre todas as mulheres saiam das gaiolas que as prendem.