Violência doméstica: 1.500 mulheres foram morar em abrigos em SP

Solteiras, de 30 a 49 anos, com ensino médio completo e renda até dois salários mínimos formam a maioria das mulheres que buscaram proteção

O número de mulheres de violência doméstica que procuraram abrigos na cidade de São Paulo aumentou com a pandemia, quando formam implantadas medidas de restrições e distanciamento social em todo o estado.

Levantamento da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) aponta que entre março de 2020 e março de 2021 o número de vítimas abrigadas foi 1.496.No mesmo período, de 2019 a 2020, foram abrigadas 1.139 mulheres vítimas de violência doméstica. Com informações do G1.

Número de mulheres vítimas de violência doméstica que foram morar em abrigos subiu na cidade de SP
Créditos: lolostock/iStock
Número de mulheres vítimas de violência doméstica que foram morar em abrigos subiu na cidade de SP

Ao todo a rede da SMDHC atendeu 6.408 mulheres de março de 2020 a março de 2021.

No entanto, nem todas continuaram nos abrigos, pois algumas ficaram 24 horas e outras permaneceram por mais tempo ou ainda continuam neles. O tempo máximo de permanência é de 90 dias, prorrogáveis pelo mesmo período ou mais.

Perfil das vítimas de violência doméstica

O levantamento da SMDHC revelou ainda o perfil das mulheres vítimas de violência doméstica durante a pandemia. Branca, de 30 a 49 anos, solteira, heterossexual, formação escolar igual ou superior ao ensino médio e com rendimento de um a dois salários mínimos.

Uma das constatações mais alarmantes e que reforçam o alcance do machismo estrutural é que mesmo as mulheres que passam longe deste perfil estão igualmente expostas ao risco de violência.

O percentual de atendimentos às mulheres de renda superior a 20 salários mínimos, embora seja muito baixo no total, proporcionalmente, mostra que as chances de alguém nessa faixa de renda sofrer uma violência é praticamente equivalente ao do grupo com menor renda.

O fato de a maioria das mulheres atendidas terem uma renda de até dois salários mínimos (64,68%) acompanha o total de mulheres nessa faixa de renda. Na cidade de São Paulo, a renda média domiciliar no município é de R$ 3.443, segundo a Fundação Seade.

Um dado no levantamento que parece fugir ao esperado é a maioria das mulheres atendidas se identificarem como brancas, com um total de 51%, sendo 33,7% pardas e 13,8% pretas.

Segundo o Anuário 2021 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 61,8% das vítimas de feminicídio no Brasil em 2020 são negras. Porém, como informa Ana Cristina de Souza, Coordenadora da Coordenação de Políticas para as Mulheres da SMDHC, existe uma parcela considerável de agressões que não chegam à assistência.

“Múltiplos fatores contribuem para que a mulher não consiga quebrar o ciclo da violência. Podemos citar a dependência econômica do agressor, a falta de apoio da família, mas o racismo explica uma parcela desta discrepância”, afirma Ana Cristina.

Rede de apoio e proteção à mulher

Além da ampliação dos canais de denúncia pelo Disque 156, a SMDHC oferece auxílio hospedagem às mulheres vítimas de violência doméstica. Ao todo são 13 serviços em funcionamento: os quatro Centros de Referência, os cinco Centros de Cidadania da Mulher (das 10h às 16h), a Casa da Mulher Brasileira (24 horas por dia, inclusive sábados e domingos) que possui alojamento provisório, as Casas de Abrigo e de Acolhimento Provisório, que possuem 20 vagas cada, e três Postos Avançados de Apoio à Mulher.

A unidade móvel conhecida como Ônibus Lilás, não circulou durante o período de pandemia, mas deve retornar as atividades assim que a cidade deixar a situação de emergência.

A mulher vítima de violência, seja psicológica, física, moral ou que tenha sofrido qualquer outro tipo de agressão, é atendida no local por uma equipe especializada composta por assistente social e psicóloga que faz uma escuta qualificada, a orientação e possível encaminhamento a um dos equipamentos da rede de proteção à violência contra a mulher.

Confira a rede de atendimento da SMDHC:

Casa da Mulher Brasileira (todos os dias, 24 horas)
Rua Vieira Ravasco, 26, Cambuci
(11) 3275-8000

Posto Avançado de Apoio à Mulher (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h)

  • Estação Santa Cecília (Linha 3 Vermelhal)
  • Posto Avançado de Apoio à Mulher (segunda a sexta-feira, das 10h às 16h)
  • Estação da Luz (Linha 1 Azul)
  • Posto Avançado de Apoio à Mulher (segunda a sexta-feira, das 10h às 17h)
  • Terminal de Ônibus Sacomã – zona sul

CRMs e CCMs – Segunda a sexta-feira, das 10h às 16h

CRM 25 de Março (CENTRO)
Rua Líbero Badaró, 137, 4º andar, Centro
(11) 3106-1100

Casa Brasilândia (NORTE)
Rua Sílvio Bueno Peruche, 538, Brasilândia
(11) 3983-4294

CCM Perus (NORTE)
Rua Aurora Boreal, 53
(11) 3917-5955

CCM Itaquera (LESTE)
Rua Ibiajara, 495, Itaquera
(11) 2073-4863

Casa Eliane de Grammont (SUL)
Rua Dr. Bacelar, 20, Vila Clementino
(11) 5549-9339

CRM Maria de Lourdes Rodrigues (SUL)
Rua Luiz Fonseca Galvão, 145, Capão Redondo
(11) 5524-4782

CCM Parelheiros (SUL)
Rua Terezinha do Prado Oliveira, 119
(11) 5921-3665

CCM Santo Amaro (SUL)
Praça Salim Farah Maluf, s/n
(11) 5521-6626

CCM Capela do Socorro (SUL)
Rua Professor Oscar Barreto Filho, 350, Grajaú
(11) 5927-3102

Além da rede da SMDHC há equipamentos disponíveis também na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMADS).