Vizinho do homem negro assassinado no Carrefour conta detalhes do crime
'A gente gritava estão matando o cara, mas continuaram até ele parar de respirar', revelou Paulão Paquetá que presenciou as agressões
Vizinho da vítima, Paulão Paquetá testemunhou o assassinato do homem negro, no estacionamento do Carrefour Passo D’Areia, na zona norte de Porto Alegre, na quinta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra. João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, foi espancado até ser morto por seguranças do supermercado.
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“Estava chegando no local na hora das agressões. Eu estava a uns 10 metros quando começou. Tentamos intervir, mas não conseguimos”, relatou o vizinho da vítima.
Segundo Paulão Paqueta, a esposa da vítima, um homem negro, também viu o espancamento, mas foi impedida de intervir. “Ela viu o marido sendo morto”, lamenta.
De acordo com ele, cerca de outros oito seguranças ficaram cercando a área para impedir que as pessoas que tentavam parar as agressões, chegassem próximas ao local. “Não pararam. A gente gritava ‘tão matando o cara’, mas continuaram até ele parar de respirar, fizeram a imobilização com o joelho no pescoço do Beto, tipo como foi com o americano (George Floyd, assassinado por policiais, neste ano, nos Estados Unidos).”
O vizinho do homem negro assassinado no Carrefour também é presidente da Associação de Moradores e Amigos do Obirici e segundo ele, estima-se que as agressões duraram cerca de sete minutos.
Alguns motoboys que filmaram o crime tiveram os celulares tomados para não registrar toda a ação. “Quando viram que ele parou de respirar, eles se apavoraram. Chamaram a Brigada (Militar), que isolou ali e a Samu tentou reanimar”, disse o vizinho
Segundo o líder comunitário, o homem negro assassinado no Carrefour morava no IAPI, um bairro nas proximidades do supermercado. “Não é primeira ocorrência do tipo. É a primeira de óbito. Todo mundo sabe que são agressores (seguranças do local) mesmo”, denunciou.
“É muito difícil. Revolta pela maneira que ele foi morto brutalmente. Ser humano nenhum merece ser agredido daquela jeito, ter a vida ceifada de maneira tão brutal, tão animal”, afirmou o vizinho.
Racismo é crime!
Cenas como essa que acabamos esse acontecido no Carrefour, em Porto Alegre ainda são muito comuns no Brasil, infelizmente. Uma forma de conter o avanço do racismo no Brasil é sempre denunciar o agressor. Afinal, racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.