Designers contam como foi criada a capa de “Convoque Seu Buda”, novo álbum do Criolo

Por: Catraca Livre

Colorida e experimental, a capa de “Convoque Seu Buda”, novo álbum do Criolo, diz muito sobre o que você vai ouvir nas últimas composições do trovador urbano do Grajaú. Sem muito rodeio, o diretor de arte Denis Cisma e o designer gráfico Lucas Rampazzo, explicam como usaram lettering, colagem e referências místicas para criar a arte.

Rampazzo, que fez residência artística em Rotterdam e é o criador do zine ‘Untitled Polaroids’, conta que criou o projeto gráfico a convite do Criolo e a partir da ilustração de Denis. “Fiz a tipografia buscando me adequar à linguagem e conceito. Como se tratava de referência à uma busca por ajuda elevada, procurei trabalhar com elementos do repertório religioso: santinhos e fita do Bonfim para trazer um aspecto abrasileirado e místico.”

Cisma, que dirigiu “Duas de Cinco + “Cóccix-ência”, explica a relação com a public library. “O Rijksmuseum, de Amsterdã, liberou seu banco de dados com 200 mil obras para download em alta. Imagens com mais de 70 anos após a morte do seu criador não estão mais protegidas por direitos autorais, podendo ter qualquer tipo de uso, inclusive comercial”. Ele conta que museus como o Metropolitan e o Getty estão disponibilizando parte dos acervos também. “Faz bastante sentido. Quanto mais gente usar essas imagens mais o original fica famoso e assim mais gente vai se interessar em ver o original em um museu”.

O personagem central da colagem “é um oficial da corte da ilha de Java, na Indonésia, por isso está de sarongue. A imagem é de 1820 e achei ele parecido com o Criolo”, comenta entre risos. A arte escolhida faz parte de uma coleção que retrata quatro oficiais indonésios pintados à óleo por um artista oriental não identificado.

Além de ilustrações e obras de 500 anos atrás, a capa contém fotografias de Denis. “Achei que a colagem representaria muito bem a maneira que o Criolo escreve suas músicas, misturando figuras do passado como Barrabás, ladrão e assassino que o povo preferiu libertar ao invés de Cristo, com gírias e expressões atuais das ruas”. Procuramos relação com outras capas do artista, com fontes classudas e minimalistas, mas Cisma acredita que “cada álbum tem uma história”.

Para os vinis que estão disponíveis na loja do Criolo, “há uma variação de cor nos logos nos rótulos lado A/B”, explica Lucas. “A arte do vinil é um pouco diferente da do CD. Como o tamanho é maior, dá para ver mais detalhes. As imagens que usamos têm muita resolução, quatro vezes o tamanho do LP. Provavelmente vamos fazer pôsters com elas”, complementa Denis.

Conteúdo publicado originalmente no Malaguetas.