Dimenstein: conheça o único inimigo poderoso de Jair Bolsonaro
Em seu texto de despedida, Gustavo Bebianno chamou Jair Bolsonaro de desleal e paranóico.
Até pouco tempo atrás, ambos eram unha e carne.
São apenas 45 dias de governo – e todos suspeitamos que, se o o ex-ministro falar, haverá mais farofa do que ventilador disponível.
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Esse ataque é mais uma evidência de que o maior problema de Jair Bolsonaro se chama Bolsonaro.
E apenas alimenta minha suspeita: será que o presidente consegue terminar seu mandato?
Um detalhe – mínimo detalhe – sintetiza minha desconfiança.
Ele vai a uma reunião ministerial vestido com uma camisa falsificada do Palmeiras.
As crises que ele está vivendo são criadas ou amplificadas por ele ou por sua família ou seu partido.
Nenhuma crise foi gerada pela oposição – aliás, nem existe oposição.
Seu filho Eduardo é réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de ameaçar de morte uma jornalista.
Flávio cercado de suspeitas sobre suas contas e proximidade com as milícias que, por sua vez, suspeitas do assassinato de Marielle Franco.
Quem está por trás da queda de Bebianno é o filho Carlos, incomodado com a aproximação do ministro com os veículos de comunicação como Globo e até Antagonista.
Como se sabe, Carlos se sente o comunicador oficial da família.
Bolsonaro poderia ter como aliados os principais veículos de comunicação, com os quais está em guerra.
Folha, Estadão, Globo, Veja fazem críticas ao governo e descobrem irregularidades.
Mas todos esses veículos defendem o que é essencial para o governo e para o Brasil: a reforma da previdência.
Seu partido – o PSL – está metido num escândalo de desvio de dinheiro público nas eleições.
O chamado escândalo dos candidatos-laranja.
Pegou Bebianno, pegou o presidente do partido, Luciano Bivar ( acusado de caixa 2).
Pegou o único ministro do PSL: Álvaro Antonio.
Foi Bolsonaro que indicou gente desequilibrada ou totalmente despreparada como Damares Alves, Ricardo Salles, Vélez Rodrigues ou Ernesto Araújo.
Chegaram a ponto de colocar como responsável pelo Enem um sujeito que não sabe o plural da palavra cidadão.
Seriam apenas tipos folclóricos se não tivessem poder.
É Bolsonaro e seus familiares que colocam como guru o filósofo Olavo de Carvalho que, como sabemos, é uma fraude intelectual.
É alguém que jura não existir relação entre cigarro e câncer de pulmão, desconfia do heliocentrismo, da teoria da evolução de Darwin – e já foi internado duas vezes numa clínica psiquiátrica.