Dimenstein: peço desculpas a Angela Merkel pelas ofensas de Bolsonaro

Bolsonaro sugeriu que a chanceler alemã ‘pegue grana e refloreste a Alemanha’

Angela Merkel nunca vai ler esse pedido de desculpas.

Não importa.

Pelo menos tiro esse nó da garganta, depois das ofensas que lhe foram dirigidas por Jair Bolsonaro sobre questões ambientais.

Lembro que faço parte do povo que foi trucidado pelos alemães.

Alemanha suspendeu investimentos em projetos de proteção à Amazônia em função das altas taxas de desmatamento
Créditos: Clauber Cleber Caetano/PR
Alemanha suspendeu investimentos em projetos de proteção à Amazônia em função das altas taxas de desmatamento

Angela é das raras estadistas atuais que faz tudo para manter a Europa unida, livre dos nacionalistas histéricos.

Tem uma visão generosa sobre refugiados.

Não perde oportunidade de condenar o passado para que os alemães não esquecem a monstruosidade nazista.

Chegou a celebrar neste ano o militar alemão que comandou a tentativa de assassinato de Hitler.

Como todo governante sério, sabe os riscos do aquecimento global.

Por isso, cara Angela, me permita a informalidade, peço desculpas.

Essas ofensas de Bolsonaro não representam o povo brasileiro.

Esse dinheiro da Alemanha para ajudar a Amazônia que ele mandou, em tom ofensivo devolver, é sinal de civilidade, não de intromissão.

Ele não sabe o que é aquecimento global. Se lhe pedirem uma explicação sobre a relação dióxido de carbono e efeito estufa, posso assegurar-lhe que não saberá responder.

Você merece a admiração dos melhores brasileiros –assim como merece respeito a luta da Alemanha para enfrentar seu passado e virar exemplo de democracia.

Estou envergonhado com o tratamento que você recebeu do presidente.

Por favor, entenda: não representa o que sentimos.

Estamos vivendo uma doença que você também viveu no seu país.