Estadão mostra como Bolsonaro detona a reforma da Previdência
Se acham que o título dessa coluna é exagerado, basta ver esse comentário publicado por Marcelo Moraes, do Estadão.
Falta articulação no Congresso e uma estratégia de comunicação, além de permitirem transformar o Rodrigo Maia, principal articulador da reforma da previdência, em adversário.
Os bolsonaristas podem até não gostar do presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Mas se a reforma da Previdência tem, hoje, alguma chance de ser aprovada, isso se deve, principalmente, a sua atuação como articulador político da proposta. Com uma base de apoio completamente capenga dentro do Congresso e, muitas vezes, jogando contra seus próprios interesses com movimentos políticos desastrados, o governo depende mais do que nunca da capacidade de negociação de Maia para que o projeto não naufrague. É ele quem tem influência política para convencer grupos políticos importantes, como o Centrão, para apoiar essa votação. Sem ele, o governo passa a ter ao seu lado apenas a bancada do PSL, com 54 deputados. E, mesmo assim, nem lá terá unanimidade.
A irritação do presidente da Câmara com o Planalto não é à toa. Apesar de sua movimentação a favor da proposta, o governo tem tapado os olhos para a movimentação de grupos bolsonaristas contra Maia nas redes sociais, onde tem sido atacado e chamado, por exemplo, de achacador. O deputado decidiu avisar o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não vai mais remar sozinho a favor da reforma. E o governo que se vire. Não custa lembrar que mexer com a Previdência já é um assunto dificílimo por si só, tamanhas as resistências ao tema. Perder aliados importantes nesse debate só torna essa batalha cada vez mais difícil.
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Sinal das dificuldades da reforma da Previdência no Congresso é o tuíte de Alexandre Frota.
Frota, até pouco tempo, era um soldado totalmente alinhado com Bolsonaro.
“O tratamento especial dado aos militares não foi bem recebida (sic). Existem outros pontos importantes que vamos ter que debater muito”.
Outro sinal: em conversas reservadas, Joice Hasselmann, líder do governo no Congresso, chegou a desabafar que pediria desfiliação do PSL, o partido que elegeu Bolsonaro.
Motivo: o partido não teria, segundo ela, maturidade para se comportar como governo.
Trecho de comentário do site Forum
A manifestação de Frota – então entusiasta de Bolsonaro – tem outro ingrediente político: o ex-ator tem sido esnobado pelo presidente e já chegou a dizer que é ‘persona non grata” no governo. Picuinhas à parte, a resistência do parlamentar à Reforma da Previdência não é fato isolado.
Na terça-feira (19), o líder do PSL da Câmara dos Deputados, Delegado Waldir (PSL), já havia declarado que a sigla não pleiteava a relatoria da PEC na Comissão Especial nem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, como antecipou a Revista Fórum.
Waldir também criticou o envio da proposta de reestruturação da carreira militar junto às mudanças na previdência para as Forças Armadas.
A Folha confirma nesta sexta (22) o esgarçamento da relação: “Nós não fomos convidados para a governabilidade. Então nós não participamos (do governo). Nós não damos palpites. Nós não temos um ministério”, disse o líder, referindo-se à bancada do PSL na Câmara.
Presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR) revelaria nesta quinta-feira (21) o relator da PEC, mas o anúncio foi adiado por pressões de deputados do próprio partido do presidente.