Folha: Pesquisadores temem ‘apagão científico’ com cortes
Cientistas brasileiros temem ‘apagão’ com cancelamentos de projetos após o governo Bolsonaro fazer cortes generalizados em bolsas de pesquisa.
De acordo com pesquisadores ouvidos pela Folha, o cenário criado pelo contingenciamento de verbas nas universidades “só se compara ao que havia nos tempos de hiperinflação dos anos 1980 e 1990”.
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Entre os estudos que já foram paralisados estão pesquisas na área de fertilização in vitro e impactos de desastres ambientais, como de Mariana e Brumadinho.
O CNPq e a Capes –duas das principais fontes de financiamento federal–, que já passavam por uma trajetória de perda de verbas desde o governo Dilma, sofreram novos reveses na gestão Bolsonaro. Mais de 40% do orçamento do Ministério da Ciência foi contingenciado, e quase 5.000 bolsas de mestrado e doutorado da Capes, consideradas “ociosas”, foram congeladas sem aviso prévio nesta semana.
“São muitas histórias ruins. Voltaram problemas que só aconteciam na época da inflação, como cancelar projeto aprovado ou em andamento. No caso de um dos meus, deixaram de pagar um terço da verba vinda do CNPq”, conta Fabrício Santos, um dos principais geneticistas do país e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
À Folha, o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Zoologia do Instituto de Biociências da USP, Daniel Lahr, diz que as bolsas não estavam ociosas: elas serviriam para os alunos ingressantes no edital de seleção vigente.
“Todo o nosso modelo de produção científica está construído sobre essa lógica dependente da pós-graduação. Caso a situação atual se mantenha, seremos asfixiados quanto à continuidade de todos os nossos projetos de pesquisa, que definitivamente dependem de um fluxo constante de alunos”, diz Marcelo Lima, do departamento de fisiologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
educação”No site da Capes, parece que vivemos na Dinamarca. Tudo plácido, tranquilo. Nenhuma informação. Como um gestor público não informa os milhares de coordenadores sobre o que está acontecendo?”, questionou Maria Cátira Bortolini, geneticista da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).