Brasileira cria rede social para troca de talentos entre usuários

O que você faz no seu tempo livre? A baiana Lorrana Scarpioni, de 24 anos, propõe usar esse espaço na agenda para ensinar o que sabe e aprender o que tem vontade. Foi a partir dessa ideia que nasceu a rede social Bliive, que promove a troca de experiências entre os usuários, sem uso de dinheiro.

No ar há mais de um ano, com versões em português e inglês, a plataforma hoje conta com mais de 100 mil usuários espalhados em 120 países e funciona assim: a pessoa se cadastra e oferece algum serviço (pode ser aula de piano, de violão, de inglês, reparos em casa, leituras de tarô, etc), em troca recebe o TimeMoney, uma espécie de moeda que pode ser usada depois para adquirir qualquer outro conhecimento. Ninguém precisa pagar para aprender o talento do outro: o negócio acontece na base do escambo de tempo livre.

Lorrana usou o dinheiro do estágio para realizar sonho

O objetivo da plataforma online é aproximar e valorizar as pessoas usando a colaboração e a troca de experiências.  “Queremos ser referência em colaboração, inovação social, relações humanas positivas, economia criativa e consumo sustentável”, explica Lorrana.

Os brasileiros representam cerca de 90% dos usuários, seguidos por pessoas de Portugal, Estados Unidos e Reino Unido, nessa ordem. “O Bliive já proporcionou mais de 13 mil trocas, sendo que 1.547 estão finalizadas”, contabiliza Lorrana.

Reconhecimento

O negócio já conquistou vários prêmios nacionais e internacionais. No fim de abril, Lorrana foi considerada um dos dez brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos pela edição em português da Technology Review, revista de inovação do MIT (Massachusetts Institute of Technology). Ela era a mais nova da lista, que tinha somente duas mulheres.

Como surgiu a rede de troca?

Graduada em Direito e Relações Públicas, a jovem teve a inspiração para criar o Bliive aos 21 anos, quando era universitária e assistiu a documentários sobre economia alternativa e colaboração online. Na época, além de usar o dinheiro do estágio, ela precisou da ajuda financeira dos pais para tirar o plano do papel.

Dois conceitos estavam na cabeça de Lorrana: troca de tempo e ajuda mútua, mas não foi fácil encontrar pessoas que embarcassem no projeto. O primeiro a abraçar a ideia foi o advogado Roberto Pompeo, seu então professor de direito. Unidos pela ideia, eles recrutaram o resto da equipe, que hoje é formada por seis pessoas.

Lorrana pensa em fazer a rede crescer ainda mais. Entre os planos, está lançar um aplicativo e investir no Bliive Grupos, o principal produto do Bliive, que pretende vender a empresas, escolas e organizações o acesso a uma rede exclusiva e customizada de troca de tempo. O objetivo é promover a colaboração, integração e capacitação em ambientes internos, entre alunos, professores e funcionários.