Brasil obtém 5 medalhas em olimpíada latino-americana de astronomia

No total foram quatro medalhas de ouro e uma de bronze

O Brasil levou quatro medalhas de ouro e uma de bronze na 12ª Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA) que, pela primeira vez, ocorreu em formato virtual, por causa da pandemia do novo coronavírus.

Radiotelescópios do Museu Aberto de Astronomia, em Campinas, no Parque Pico das Cabras
Créditos: Cesar Negreiros
Radiotelescópios do Museu Aberto de Astronomia, em Campinas, no Parque Pico das Cabras

A competição foi realizada entre os dias 16 e 30 de novembro, sob organização do Equador, e o resultado foi anunciado na sexta-feira, 4. “Foi um sucesso mais uma vez para a equipe brasileira, a mais premiada”, disse o coordenador da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), professor João Batista Canalle. Ele acredita que os prêmios estimulem outros estudantes brasileiros a participar de eventos do tipo.

Os estudantes Beatriz Rodrigues de Freitas (Colégio Farias Brito – CE), Bismark Mesquita do Nascimento (EEM Gov. Adauto Bezerra – CE), Eduardo Henrique Camargo de Toledo (Oficina do Estudante – SP) e Vítor Eduardo Costa Santos (Colégio Leonardo da Vinci – SP) ficaram com a medalha de ouro, enquanto Gustavo Sobreira Barroso (Colégio Antares – CE) ficou com a medalha de bronze. O Brasil sagrou-se campeão também com Vítor Eduardo Costa Santos, na melhor prova teórica individual, além da equipe de Bismark Mesquita do Nascimento, vencedora da melhor prova teórica de grupo.

A equipe brasileira foi liderada pelo professor Júlio Klafke, do Colégio Objetivo de São Paulo, e co-liderada pelo professor Eugênio Reis, do Observatório Nacional, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com a ajuda dos professores João Batista Garcia Canalle, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e Thiago Paulin, do Colégio Etapa, de São Paulo.

A competição teve quatro provas, sendo uma teórica individual, uma teórica de grupo multinacional, uma prova observacional e uma prova simulada de foguetes multinacional. Todas foram realizadas virtualmente, com os estudantes monitorados o tempo todo através das câmeras de seus celulares ou computadores. Participaram estudantes de dez países (Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai), além de líderes e observadores de outras seis nações (Argentina, Chile, Costa Rica, El Salvador, México e República Dominicana).

Seleção

Pedra da Águia, no Pico das Cabras, onde fica o Museu Aberto de Astronomia, em Campinas
Créditos: Leo Froes
Pedra da Águia, no Pico das Cabras, onde fica o Museu Aberto de Astronomia, em Campinas

Os candidatos brasileiros que disputam a OLAA são convocados por meio das pontuações obtidas na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica do ano anterior. Os cinco estudantes que disputaram a OLAA 2020 foram selecionados depois de passarem por provas e testes em treinamentos online nos meses que antecederam a competição.

Fundada na capital do Uruguai, Montevidéu, a OLAA acontece desde 2009 e é coordenada por astrônomos de vários países. Já a OBA é coordenada por uma comissão formada por membros da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e da Agência Espacial Brasileira (AEB), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A OBA é disputada por alunos dos ensinos fundamental e médio. Em 2019, 883.811 estudantes dos ensinos fundamental e médio de 9.957 escolas públicas e particulares de todos os estados do país participaram da 22ª OBA. A olimpíada ainda contou com o auxílio de mais de 61.969 professores. Foram distribuídas 49.648 medalhas entre os participantes dos quatros níveis da OBA, sendo 14.844 de ouro, 14.964 de prata e 19.840 de bronze.

OBA 2020

Em grandes centros metropolitanos como São Paulo, em que a observação do céu é prejudicada pela poluição atmosférica, nuvens e pela iluminação noturna, os planetários constituem ferramenta pedagógica indispensável para o ensino básico da Astronomia
Créditos: Pedro Campos
Em grandes centros metropolitanos como São Paulo, em que a observação do céu é prejudicada pela poluição atmosférica, nuvens e pela iluminação noturna, os planetários constituem ferramenta pedagógica indispensável para o ensino básico da Astronomia

O coordenador da OBA disse que a disputa deste ano deveria ter sido feita em maio mas, com a pandemia, foi postergada e as provas acabaram ocorrendo nos dias 12 e 13 de novembro, também de forma online. Segundo Canalle, a situação ficou bem complicada, principalmente nas escolas públicas. “Boa parte [dos alunos] nem mesmo tem acesso a tecnologias como notebook, celular, internet e essas coisas todas. Há uma desmotivação muito grande por parte dos alunos, de forma geral, em ter aula remota”.

De qualquer modo, a OBA 2020 registrou 440 mil inscritos, dos quais 203 mil efetivamente realizaram as provas, disponibilizada em uma plataforma contratada para essa finalidade. Os dados, então, foram transportados para a plataforma da OBA. O processo ainda não foi concluído.

Os organizadores estão fazendo as conferências necessárias e o resultado será divulgado na próxima semana. A OBA vai distribuir 50 mil medalhas de ouro, prata e bronze aos participantes da competição, conforme o nível de cada aluno.

As informações são da Agência Brasil – Rio de Janeiro.