Nem ele, nem ela: creche sueca estimula educação livre de gênero
É na infância que o indivíduo constrói, desenvolve e evolui suas primeiras referências do que são “papéis de gênero”. Na escola ou em casa, é o discurso dos pais, professores e demais adultos que os cercam que os ensina a reconhecer como “deve” se comportar. Quando oferecemos bonecas somente para meninas e carrinhos somente para meninos, limitamos as opções e designamos papeis a serem cumpridos.
A Egalia, uma creche da Suécia resolveu subverter essa lógica ao oferecer aos pequenos um ambiente neutro e livre de designações masculinas e femininas pré-determinadas, dos brinquedos aos espaços comuns de convivência.
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Localizada em Estocolmo, que apresenta altos índices de investimento em educação, a creche pratica a neutralidade de gênero até mesmo na comunicação com os alunos. Os professores evitam usar pronomes, como “ele” e “ela”, e no lugar utilizam denominações genéricas, como o pronome “hen”, emprestado do finlandês, que não possui gênero.
No Brasil, essa forma de substituição é dificultada pelo fato de que os genéricos da língua, em geral, são do gênero masculino, como “amigos”, por exemplo. Por isso, há uma série de outros recursos de que os educadores podem lançar mão se quiserem estimular uma educação livre de designações de gênero.
Em Egalia, que foi aberta em 2010 e atende crianças de um a seis anos, os brinquedos são todos misturados, e todas as crianças são incentivadas a brincar com o que quiserem, assim como podem vestir o que tiverem vontade.
No conteúdo pedagógico, a neutralidade também é colocada em prática. No lugar de histórias clássicas que definem as funções de gênero na sociedade, como os contos de princesas e príncipes, entram fábulas com protagonistas animais, como a história de duas girafas que adotam um bebê crocodilo. A proposta é afastar a criança o quanto for possível da noção de que os meninos e meninas estão destinadas a serem uma determinada coisa por conta de uma imposição historicamente construída.
Em entrevista ao Hypeness, a diretora, Lotta Rajalin, conta porque a creche optou por essa metodologia.
“Todas as garotas sabem que são garotas, e todos os garotos sabem que são garotos. Não estamos trabalhando com gênero biológico, mas sim com gênero social”, explica.
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