Acusada de transfobia, Marília Mendonça reconhece erro e pede desculpas
Em live no sábado, 8, a cantora se referiu com deboche a envolvimento de músico com mulher trans
Acusada de transfobia, Marília Mendonça se desculpou pelas redes sociais dizendo: “Fui errada e preciso melhorar”.
A acusação se deu devido a uma fala da cantora durante a transmissão de um show on-line no sábado, 8.
O tecladista da banda que a acompanhava pediu a ela que contasse a história de uma das músicas do repertório do show.
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“Eu acho que tô lembrada, foi quando um integrante nosso falou que tocava num lugar?”, perguntou ao final da canção “Sensível Demais”, de Chrystian & Ralf. “Quem é de Goiânia lembra da boate Diesel, que tinha aqui em Goiânia”, disse.
Quando Marília fez essa insinuação, os músicos da banda começaram a rir.
E ela emendou: “E aí não vou falar quem e nem vou falar o porquê, vou ficar calada. Quem lembra da boate Diesel, lembra da boate Diesel”, sugeriu.
“Disse que lá foi o lugar que ele beijou a mulher mais bonita da vida dele. É só isso. O contexto vocês não vão saber.”
Então o guitarrista da banda afirmou que “Era mulher mesmo”. Outro músico replicou: “Calma, ninguém falou nada”.
Depois da live, as acusações de transfobia a Marília Mendonça pipocaram nas redes sociais.
Caso de Bruna Andrade, que, em vídeo, questionou: “Primeiro queria perguntar qual a graça de existir uma boate para o público LGBT? As risadas são de deboche de um amigo que ficou com uma menina trans”.
E complementou: “Foi muito duro ver minha musa falar que qualquer cara que demonstra afeto por mim é chacota. Isso tem um desdobramento muito pior, isso gera violência, isso gera assassinato.”
Acusada de transfobia, Marília Mendonça se desculpa no Twitter
Depois das acusações de transfobia, Marília Mendonça pediu desculpas em seu Twitter nesta segunda, 10.
“Pessoal, aceito que fui errada e que preciso melhorar”, escreveu. “Mil perdões. De todo o coração. Aprenderei com meus erros. Não me justificarei.”
Transfobia é crime!
Apesar de transfobia e homofobia não serem a mesma coisa – um diz respeito à violência contra a identidade de gênero e o outro à orientação sexual – a criminalização da homofobia pelo STF, em junho de 2019, se estende a toda comunidade LGBT e também equipara atos transfóbicos ao crime de racismo. Nesta matéria aqui, explicamos como denunciar esse tipo de crime.
Mulheres trans e Lei Maria da Penha
Outra lei que protege as mulheres trans, em especial, da transfobia é a Lei Maria da Penha. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em maio de 2019, um projeto que inclui mulheres transgêneras e travestis na Lei de proteção à mulher.
A proposta altera um artigo da lei que diz “toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião” não pode sofrer violência, incluindo o termo “identidade de gênero”. A proposta está parada na Câmara e especialistas preveem que caráter mais conservador dos Deputados será um obstáculo.
Entretanto, há casos de transfobia julgados como violência doméstica. Em maio de 2018, uma decisão inédita da Justiça do Distrito Federal indicou que os casos de violência contra mulheres trans podem ser julgados na Vara de Violência Doméstica e Familiar e elas devem ser abarcadas em medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.