Cantora Majur aponta transfobia no FaceApp por troca de gênero
Em desabafo, a artista disse que o aplicativo brinca enquanto a população trans sofre
Quem anda se divertindo com as mudanças de gênero que o FaceApp proporciona – e que virou febre na última semana – talvez não tenha se dado conta de como o aplicativo atinge negativamente os transgêneros. Por isso, Majur utilizou seu perfil no Instagram para fazer um desabafo e apontar transfobia na brincadeira.
A cantora criticou não só criticou a ferramenta, como também pediu que seus seguidores parem de usá-lo. “Quando vocês vão entender que atitudes como essas só fortalecem o discurso transfóbico e machista?”, escreveu. “Meu corpo não é diversão! Não é brincadeira, nem modinha”, completou.
Majur se identifica como trans não-binária – ela sente que performa o feminino e o masculino.
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“Meu feminino não é rosto afilado e cabelo liso. O masculino não é ter barba e ser malhado. Estereotipar um corpo feminino e masculino é definir padrão, quando vivemos em diversidade. A nossa vivência enquanto corpo é um processo doloroso, que é alvo desde o princípio, do preconceito e as diversas fobias externas”, declarou.
O FaceApp conta com filtros de troca de gênero, que permite mudar o rosto do usuário de acordo com idades, barba, cortes de cabelo e maquiagem.
“[…] O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e ninguém se responsabiliza. Se manque”, finalizou.
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Transfobia é crime!
Apesar de transfobia e homofobia não serem a mesma coisa – um diz respeito à violência contra a identidade de gênero e o outro à orientação sexual – a criminalização da homofobia pelo STF, em junho de 2019, se estende a toda comunidade LGBT e também equipara atos transfóbicos ao crime de racismo. Nesta matéria aqui, explicamos como denunciar esse tipo de crime.
Mulheres trans e Lei Maria da Penha
Outra lei que protege as mulheres trans, em especial, da transfobia é a Lei Maria da Penha. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, em maio de 2019, um projeto que inclui mulheres transgêneras e travestis na Lei de proteção à mulher.
A proposta altera um artigo da lei que diz “toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião” não pode sofrer violência, incluindo o termo “identidade de gênero”. A proposta está parada na Câmara e especialistas preveem que caráter mais conservador dos Deputados será um obstáculo.
Entretanto, há casos de transfobia julgados como violência doméstica. Em maio de 2018, uma decisão inédita da Justiça do Distrito Federal indicou que os casos de violência contra mulheres trans podem ser julgados na Vara de Violência Doméstica e Familiar e elas devem ser abarcadas em medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.
Veja aqui como fazer para não praticar transfobia e respeitar a identidade trans.