Daniel Radcliffe rebate comentários transfóbicos de J. K. Rowling
'Mulheres trans são mulheres', disse o astro da franquia Harry Potter à autora
Daniel Radcliffe publicou um texto no site do Trevor Project, uma organização sem fins lucrativos dedicada à intervenção de crise e à prevenção de suicídios para pessoas da comunidade LGBT+, na última segunda-feira, 8, respondendo os comentários transfóbicos feitos por J. K. Rowling em relação a mulheres transgênero.
O astro da franquia Harry Potter disse que “mulheres trans são mulheres” e acrescentou: “Qualquer declaração ao contrário apaga a identidade e a dignidade de pessoas transgênero e vai contra todos os conselhos dados por associações profissionais de saúde, que têm muito mais experiência no assunto que Jo ou eu”.
No último domingo, 7, a autora da série de livros, que viraram filmes, gerou revolta nas redes sociais, após postar uma série de tuítes considerados transfóbicos.
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As mensagens da autora vieram em resposta a um artigo de opinião do site de desenvolvimento global Devex que a deixou ressentida com o título “Criando um mundo mais igualitário pós-Covid-19 para pessoas que menstruam”.
“‘Pessoas que menstruam’. Tenho certeza de que costumava haver uma palavra para essas pessoas. Alguém me ajude? Wumben? Wimpund? Woomud? [modificações propositais da palavra ‘woman’, que significa mulher em inglês]”, disse Rowling.
Os internautas e críticos acreditam que as visões de Rowling igualavam feminilidade à menstruação, sendo que há muitos homens transsexuais que menstruam, e muitas mulheres trans que não.
Radcliffe ainda disse que “78% dos jovens transgênero e não-binários relatam que foram alvo de discriminação por causa de sua identidade de gênero. Está claro que precisamos fazer mais para apoiar as pessoas transgênero e não-binárias, não invalidar suas identidades, e não causar maior dano.”
Ele também aproveitou para pedir desculpas aos fãs dos livros. “A todos aqueles que agora sentem que sua experiência com os livros foi manchada ou diminuída, sinto profundamente pela dor que esses comentários causaram”, completou.
Transfobia se combate com informação!
Apesar de ter o dobro de tempo na Terra, a sociedade brasileira parece não ter tido tempo para se informar sobre identidade de gênero corretamente e continua a perpetuar tratamentos transfóbicos.
E como quebrar o tabu das questões de gênero? Simples! Selecionamos algumas informações para que você não pratique transfobia e passe a respeitar a identidade de uma pessoa trans. Vamos lá?
O que é identidade de gênero
Identidade de gênero é como a pessoa se enxerga no espelho, seja como mulher, homem ou outra denominação dentro do espectro de gênero.
Pessoas que se identificam com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer são consideradas cisgênero ou cis, na abreviação. Por exemplo, se ao nascer o bebê é registrado como menino e ao longo da vida ele continua se identificando dessa forma, ele é um homem cis. Se essa pessoa não se identificar com seu sexo biológico, ela é transgênero ou somente trans.
Há também aqueles que não se identificam com nenhum gênero em específico. Essas pessoas são denominadas não-binárias, ou seja, não se identificam como homem ou como mulher.
Vale lembrar duas coisinhas: identidade de gênero não é uma ideologia e, muito menos, tem a ver com a orientação sexual de uma pessoa. Tanto pessoas cis quanto pessoas trans podem ser hétero, bi ou homossexuais.
Transexual x Transgênero x Travesti
Transexual
Há um tempo, esse termo era usado para falar sobre pessoas transgênero mas caiu em desuso para não dar a impressão de que ser trans é uma orientação sexual.
Transgênero
Este termo é usado atualmente para abarcar as pessoas trans. Por exemplo: um homem transgênero é aquele que foi identificado como mulher ao nascer e passou a se reconhecer como homem, enquanto, da mesma forma, a mulher transgênero é aquela que foi designada homem ao nascer mas, na verdade, se identifica como uma mulher.
Travesti
Travesti é um termo mais comum no Brasil, na Espanha e em Portugal (e em pesquisas do RedTube), e já foi usado como xingamento transfóbico e também para denominar uma mulher trans que não desejava passar pelo processo de readequação genital, mas não se aplica mais. Hoje o termo travesti é comumente usado para empoderamento e resistência da comunidade.
A diferença entre as três denominações é de auto identificação. Caso esteja na dúvida e não quer cometer um ato de transfobia, use apenas o prefixo trans ou pergunte à pessoa como ela se identifica.