DJ Pelé denuncia racismo no Uber ao ser confundido com assaltante

O motorista parou a corrida para dizer a policiais que estava se sentindo ameaçado pelo músico

29/01/2020 19:01

O músico Diego Zakarias, conhecido como DJ Pelé, relatou que foi vítima de racismo ao usar o aplicativo Uber, na madrugada da última segunda-feira, 27. Ele contou que por ser negro, o motorista o confundiu com um assaltante e encerrou sua corrida antes de chegar no destino final.

DJ pé sofre racismo no Uber ao ser confundido com assaltante
DJ pé sofre racismo no Uber ao ser confundido com assaltante - Reprodução/Instagram

O músico pegou o carro no Engenho Novo, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, saindo da casa de sua mãe, e ia destino à Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, onde se apresentaria em uma boate.

Segundo DJ Pelé, no caminho, o motorista começou com as atitudes racistas. Perguntou se o músico estava com os documentos e ainda pediu para que ele mostrasse alguma coisa que comprovasse ser real a apresentação na festa da Bara da Tijuca. O condutor, que também é negro, ainda disse que iria desistir da corrida, alegando que o destino seria um lugar muito perigoso.

Durante o trajeto, o produtor de Diego o ligou e informou que o show havia sido cancelado pois a casa estava vazia. Foi quando a vítima resolveu alterar o destino da corrida para sua casa. O motorista não gostou da mudança de planos e parou o carro próximo de uma viatura da PM, na Linha Amarela.

“O policial perguntou o que aconteceu e eu avisei que o motorista não queria me levar porque achava que eu era assaltante. Nem o PM entendeu, chamou outra viatura pra me dar carona até em casa e ainda me pediu desculpas pelo cara”, disse o músico.

Mesmo sem finalizar a corrida no destino, DJ Pelé precisou pagar pelo trajeto percorrido pela metade, R$ 39,00. “O motorista ainda perguntou quanto eu tinha, como se eu não tivesse dinheiro ou fosse dar calote. Aí eu respondi que eu tinha dinheiro para pagar corrida daqui até o Maranhão se ele quisesse e dei o dinheiro”, disse Diego para o jornal ‘O DIA’.

DJ Pelé mostrou seus documentos ao policial e teve sua ficha limpa, sem passagens pela polícia constatada.

Para Diego, o motorista, mesmo negro, reproduziu o racismo estrutural que existe no país e assola toda população negra. “O que eu acho mesmo é que não tem como eu culpá-lo porque o racismo do Brasil é institucional, a gente não sabe o que a pessoa passou para chegar a isso. O Brasil não deixa os negros entrarem nas grandes indústrias, a gente recebe olhar torto em todo lugar”, relatou.

Uber

A empresa enviou uma nota lamentando o ocorrido e reembolsou a corrida do artista. ‘Lamentamos a experiência pela qual o usuário passou em nossa plataforma. A Uber não tolera qualquer forma de discriminação e assim que soubemos do incidente, desativamos o motorista da plataforma. A empresa está à disposição para colaborar com as autoridades responsáveis para investigação do caso, nos termos da lei”, afirmou o aplicativo de transporte.

DJ Pelé passou pela situação e não se calou. Veja como não deixar passar batido casos de racismo.

Racismo: saiba como denunciar

Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.

Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.

A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.

No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito.