Em gravação feita pela Justiça, Robinho disse: ‘Ela estava completamente bêbada’
Diversas gravações de ligações telefônicas foram transcritas na sentença, e em uma delas, a Justiça considerou que tinham consciência da condição da vítima
A chegada do jogador Robinho ao time da baixada, o Santos, o mesmo que o revelou, continua sendo o centro de discussão nas redes nesta sexta-feira, 16. O atacante foi condenado em primeira instância a 9 anos de prisão por violência sexual de grupo contra uma jovem albanesa. O episódio aconteceu em uma balada na Itália no ano de 2013.
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O Globo Esporte teve acesso a sentença judicial e a transcrição dos grampos que levaram ele a ser condenado. Essas ligações telefônicas realizadas por Robinho foram essenciais para que o veredito da investigação fosse tomado.
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Apesar do Tribunal de Milão ter tomado a decisão em 2017, o caso ainda não foi finalizado. Isso porque tanto a defesa de Robinho, quanto de Ricardo Falco, amigo presente na ocasião sentenciada, apresentaram recurso que contesta a determinação judicial.
De acordo com o documento da sentença, a Corte de Apelo de Milão vai iniciar a análise do processo, em segunda instância, no dia 10 de dezembro.
Além de Robinho e Falco, outros quatro brasileiros teriam participado do ato de violência sexual. Por terem deixado o país enquanto acontecia a investigação, eles estão num processo à parte, de acordo com advogado Jacopo Gnocci, representante judicial da vítima.
No código penal italiano existe o artigo “609 bis” e foi através dele que Robinho e Falco foram condenados. De acordo com o texto do artigo, a participação de duas ou mais pessoas que se reúnem para praticar violência sexual, ou seja, que esteja forçando alguém a ter relação sexual de forma que inferiorize “física ou psíquica” podem ser condenadas pela Justiça pelo crime.
Robinho nega as acusações
Desde 2014, Robinho nega as acusações, apesar de ter admitido ter relação sexual com a vítima. Segundo ele, a relação dos dois foi consensual e apenas sexo oral. Já no caso do amigo, Ricardo Falco, a perícia constatou o sêmen do homem nas roupas da mulher.
As escutas telefônicas, feitas com autorização da Justiça italiana, foram transcritas na sentença. A conversa entre Robinho e Falco mostram que os dois tinham consciência da condição da vítima.
O bate-papo teria acontecido no carro de Robinho, onde o próprio demonstra preocupação da moça em prestar depoimento à polícia.
Jairo Chagas, músico que tocou naquela noite no local, teria avisado Robinho sobre a investigação. O jogador, então, respondeu, que não estava ligando pois a mulher abusada não lembrava de nada.
Em 2014, Robinho e o músico, Jairo, voltaram a falar sobre o assunto.
Em outra conversa, com um amigo identificado no processo como AMIGO 4, é possível saber que eles começaram a se preocupar com as investigações.
Em outra ligação transcrita no processo, Robinho disse que “não havia prova de que fizemos alguma coisa”. De acordo com a sentença, em uma das conversas monitoradas, ele e Falco começaram a combinar o que diriam à Justiça. Durante a conversa, Falco teria dito que a “salvação” deles era que não tinha câmeras registrando todos eles na boate.
O música que tocou naquela noite, Jairo, também conhecido de Robinho, ligou para uma amiga para falar sobre a ocorrência. “Isso é coisa de covarde, pessoas de merda que dão realmente nojo”, disse. Na transcrição ainda conta que ele disse que o que aconteceu tinha nome: “estupro”. Apesar de ter sido ouvido falando isso, ele falou na Justiça que não viu o ato praticado pelos outros caras, incluindo o Robinho.
Santos perde patrocinador
O Santos sofreu a primeira baixa após a contratação do atacante Robinho, 36 anos, condenado por estupro na Itália. A Orthopride, empresa de ortodontia, rompeu contrato de publicidade com o clube da Baixada Santista, ao qual patrocinava desde 2018.
A marca estampava a parte interior dos números na camisa do Santos.