Medalhista detalha rotina e dá exemplo de superação nas Paralimpíadas

Cleiton Cesário Abraão fala do tamanho da responsabilidade de “ser os olhos” de outro atleta nas competições

O medalhista Cleiton Cesário Abraão, de 31 anos de idade, detalhou sua rotina e mostrou um grandioso exemplo de superação.  Aos 31 anos de idade, ele se dedica como atleta-guia de diversos esportistas e faz parte do time de competidores nas Paralimpíadas de Tóquio.

Medalhista detalha rotina dá exemplo de superação nas Paralimpíadas
Créditos: Washington Alves/ COB
Medalhista detalha rotina dá exemplo de superação nas Paralimpíadas

Embora sua disciplina de atleta o ajude a garantir espaço no esporte, Cleiton Cesário acredita que se dedicar à rotina de outra pessoa o torna ainda mais responsável pelos resultados da prova.

“Eu faço o treino do atleta, paro de fazer o meu, levo em consideração a individualidade biológica dele. E tenho que me manter em alto nível para isso. A rotina diária é uma responsabilidade diferente. Ser os olhos de alguém é uma responsabilidade ainda maior”, destaca ele, que também foi guia de treino por três anos de Daniel Mendes, atual recordista dos 400 metros rasos. “Eu era guia de treino para poupar o guia que competia com ele”, explica.

Superação

A ideia inicial do novo rumo de sua vida era superar uma crise financeira, que o impossibilitava de viver somente como atleta. Porém, foi por este caminho que ele conseguiu alçar voos mais altos.

Cleiton Cesário admite que as dificuldades ao longo do percurso o fizeram pensar em desistir da carreira esportiva em alguns momentos. “Passei por algumas lesões e pensei em parar e por achar que a parte financeira não estava compensando. No início desse ano meu primeiro filho nasceu, o Gustavo, então é uma responsabilidade maior.”

O atleta também viu seu sonho de competir em uma Olimpíada ficar mais longe no decorrer dos anos, o que não o deixa desanimar. Pelo contrário: “Já participei de Paranamericanos e do Mundial. Sigo na luta, fazendo uma transição de prova e espero conseguir isso [as Olimpíadas] em Paris (em 2024)”.

Apesar das dificuldades que encontrou ao longo do caminho, Cleiton se diz grato pela oportunidade das Paralimpíadas: “Estar em um grande evento desse porte não tem como não ser uma realização”.

Hoje, atuando também como personal trainer para ajudar nas despesas pessoais, o atleta lamenta o momento difícil pelo qual o esporte regional vem passando, mas não perde as esperanças acerca de seu futuro no esporte. “Espero que ano que vem eu consiga [me reerguer] para conquistar uma vaga nos Jogos Olímpicos”, afirma Cleiton, que será guia da paratleta Edineusa Dorta na prova de 1500 metros rasos. A competição será realizada na próxima sexta-feira (27), às 9h53.

A oportunidade do desafio deste ano deu-se pelo reconhecimento de seu trabalho ao longo da carreira. “Recebi o convite do CPB [Comitê Olímpico Brasileiro] pela experiência que eu tenho e resultados no Olímpico. Levo [essa oportunidade] como algo bom. Ser reconhecido pelo meu trabalho é um motivo de orgulho para mim”, completa ele, que é integrante do Grupo Ser Educacional.

O Grupo conta com mais de 1.500 atletas com bolsas de estudo em suas instituições. São mais de 20 modalidades esportivas envolvidas em diversos cursos nas unidades do Grupo em estados como Amazonas, Bahia, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo.

“O esporte sempre esteve no DNA do Grupo e das unidades educacionais que o Grupo mantém”, afirma o coordenador de Esportes do Ser Educacional, Hermógenes Brasil.

“Sabemos que a vida de atleta é curta por causa do alto nível e rendimento necessário. Por isso, é preciso estar preparado para o futuro. Poder conciliar os treinos com uma graduação e pós-graduação é fundamental para eles. Fazemos investimento para que os alunos possam concluir seus estudos e desenvolver uma nova profissão”, acrescenta Hermógenes.