Ministro de Bolsonaro bate boca com jornalista da CNN ao ser desmentido ao vivo
"Não se trata de perseguição, mas uma cobrança de alguém que foi eleito e tem responsabilidade por aquilo de bom e de ruim", disse o apresentador
Na manhã desta quinta-feira, 15, Onyx Lorenzoni, Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, concedeu entrevista à CNN e discutiu ao vivo com o âncora Rafael Colombo. O político, que faz parte do governo Jair Bolsonaro, foi desmentido ao defender o tratamento precoce contra a Covid-19.
Logo após Lorenzoni falar sobre o número bruto de pessoas que receberam a vacina, o apresentador disse que, proporcionalmente, o Brasil se encontra atrás de muitos países na fila de imunização mundial.
Depois de citar o número bruto de pessoas vacinadas, o jornalista da CNN Brasil apontou que, na conta proporcional da população, o país está atrás na fila de imunização em relação a outros países. Na sequência, Colombo rebateu uma afirmação sobre os óbitos pela Covid-19.
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“O senhor disse que eu estava mentindo quando me referi ao número de mortos no Brasil. Nos últimos 30 dias, o Brasil é responsável por, em média, 30% das mortes por Covid em todo o mundo. Todos nós lamentamos aqui, ministro, porque todos nós tivemos amigos ou familiares mortos. Eu só quero pontuar isso aqui porque o senhor disse que o dado era mentiroso. Agora em abril, nós ultrapassamos os Estados Unidos em mortos por milhão”, explicou o âncora do CNN Novo Dia.
“O senhor disse que o Brasil era o país onde mais morria gente por Covid. Não é verdadeiro. O Brasil não é o país onde mais se morre gente por Covid, existem países muito maiores do que nós e com um volume maior do que o nosso”, devolveu o ministro. “Nós respondemos por 30% das mortes por Covid no mundo, é isso o que estou falando pro senhor”, justificou o jornalista.
Onyx Lorenzoni tentou defender o governo dizendo que a “narrativa” tinha como objetivo dar a responsabilidade por todas mortes por Covid-19 no mundo todo. “Ele é o culpado de tudo. Sabe qual é o problema? O problema é que como o presidente [Donald] Trump saiu dos Estados Unidos o único líder de direita relevante é Jair Messias Bolsonaro, e todo esse sistema precisa destruir esse representante”, alegou o político.
“Como um país da relevância do Brasil vai ter um presidente honesto, um presidente que não dá dinheiro para as empresas de comunicação, um presidente que não fez negociata, que não deu dinheiro para grandes empresas de obras públicas? Como esse país começou a funcionar dessa maneira? Isso incomoda e incomoda muita gente, mas pode ter certeza que a população na rua tá satisfeita com o governo”, defendeu Lorenzoni.
“É claro que o presidente da República vai ser cobrado porque ele é a autoridade máxima do país, assim como governadores, médicos e nós da imprensa. Mas o presidente da República, seja ele quem for, estaria sendo cobrado. Não se trata de perseguição, mas uma cobrança de alguém que foi eleito e tem responsabilidade por aquilo de bom e de ruim. Não é ideologia nem narrativa como o senhor gosta de dizer”, falou Colombo.
Os dois continuaram trocando argumentos sobre o tema até o jornalista finalizar a entrevista de forma totalmente cordial. “Conversa franca, direta e sem rodeios”, disse Onix Lorenzoni. Depois que a chamada de vídeo terminou, o comandante do CNN Novo Dia voltou a desmentir o ministro com a leitura de uma nota.
“Nós reafirmamos aqui que, segundo a Organização Mundial da Saúde, não existe tratamento precoce com comprovação científica contra a Covid-19, o que médicos e cientistas defendem é distanciamento social, uso de máscaras, álcool em gel e vacinação em massa, que é a única forma de garantir a imunização da população”, finalizou Colombo.
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