Netflix: 5 lições feministas ensinadas em ‘Moxie – Quando as Garotas Vão à Luta’
A obra retrata temas importantes debatidos pelo feminismo como sororidade e a luta contra o estupro na adolescência
“Moxie – Quando as Garotas Vão à Luta” estreou no dia 3 de março na Netflix e tem sido extremamente aclamado pela crítica especializada. O filme ilustra a chegada de uma nova geração de mulheres que encontram no feminismo um lugar de acolhimento, resistência e a luta pela igualdade de gênero.
Resumo
Vivian (Hadley Robinson) é uma garota do ensino médio que está em um processo de novas descobertas, isso com certeza inclui seus diversos questionamentos sobre como as meninas de sua escola são tratadas e vistas, principalmente pelos alunos, mas também por professores e coordenadores.
Ela começa a se inspirar em sua mãe Lisa (Amy Poehler), uma feminista que fez parte da banda punk underground dos anos 90, Riot Grrrl. Assim como sua progenitora, Vivian tem a grande ideia de produzir zines – publicações caseiras e independentes – com intuito de propagar suas ideias feministas para outras pessoas do colégio.
Um dos grandes empecilhos da garota na trama é a diretora Shelly (Marcia Gay Harden), que faz o papel de uma responsável omissa e conservadora, que faz de tudo para proteger uma linhagem de garotos, em sua maioria brancos e heterossexuais, e assim colocar as mulheres em patamares inferiores, a qual provavelmente ela foi ensinada a replicar.
Além de sua mãe, a personagem principal conta com ajuda de algumas amigas da escola para iniciar um revolução feminista, dentre elas está Lucy (Alycia Pascual-Peña), uma garota negra com descendência latina que mostra para ela algumas facetas deste novo mundo que pode existir se elas se unirem para combater o mal (leia-se machismo enraizado na sociedade).
O filme é baseado no romance de mesmo nome escrito por Jennifer Mathieu. A direção é da atriz e produtora Amy Poehler, que também estrela na obra.
Com um pouco de drama e um pouco de comédia envolvidos, a trama traz algumas lições feministas que claramente podem servir para reflexão de uma nova geração de jovens que buscam uma sociedade mais justa e igualitárias entre todos os gêneros. A seguir, 5 lições feministas que o filme ensinou!
Sororidade
A palavra sororidade tem um peso enorme para grande parte das mulheres que possuem consciência de gênero, afinal, ela significa um comportamento não julgador perante outras mulheres e tem como premissa a união entre elas, independentemente da situação. No filme, Vivian tem uma relação muito afetuosa com Claudia (Lauren Tsai), sua melhor amiga desde o primário. No meio de tantas aventuras juntas, elas sempre foram o ombro amigo uma da outra. E, que mesmo passando por tantas turbulências na amizade, a união entre elas sempre se mostra maior que qualquer problema.
Interseccionalidade no feminismo
No caminho de suas descobertas, Vivian começa a perceber que existe um ruído na comunicação entre as outras garotas. E não é simplesmente por uma questão de gostar ou não de alguém, e sim uma questão de etnia, classe social, identidade de gênero etc. Mesmo o feminismo sendo um movimento que tem como objetivo buscar igualdade, é preciso ter consciência de que a cor, a identidade de gênero, a capacidade motora, são fatores a serem considerados para se ter uma melhor visualização de quanto cada mulher é oprimida dentro da sociedade.
No longa, Vivian se depara com a realidade de garotas bem diferentes da dela, que até então é lida como uma garota branca, heterossexual, cisgênero, uma pessoa sem deficiência e com uma vida financeira estável. A reflexão é necessária pois as consequências dessa revolução feminista levantada por ela, inicialmente, com certeza não cairia no elo mais privilegiado da sociedade, assim como foi retratado no filme.
Meninos (também) precisam se conscientizar sobre a causa
Engana-se aquele que acha que o feminismo é pauta apenas para mulheres. Muito pelo contrário, assim como já foi citado anteriormente, o movimento prega a igualdade de gênero. É importante para luta feminista que homens apoiem a causa, mas sobretudo, se interessem e estudem sobre a mesma, com intuito de propagar mais informações para os seus.
Em “Moxie”, Vivian começa um romance com Seth (Nico Hiraga), um garoto considerado descontruído por escutar e aderir as reinvindicações feministas na escola. Em determinado momento ele descobre quem é a fundadora do movimento feminista que está mudando os rumos do colégio e partir dali também demonstra ainda mais apoio às causas de sua “crush”.
Um basta à sexualização do corpo feminino
Desde pequenas, meninas são ensinadas (erroneamente) sobre o que podem ou não vestir, com a premissa de que se estiverem em algum local que tenha homens, elas podem estar correndo o risco de sofrerem algum tipo de abuso por simplesmente não estarem “adequadas” para aquela situação.
Esta visão machista sobre o corpo das mulheres vem sido propagada por anos e anos e resulta numa repressão às pessoas erradas. Mulheres se vestem como bem entenderem e homens precisam ser educado para entender que um braço para o lado de fora não quer dizer que o corpo da mulher seja um objeto sexual para ele.
O longa mostra uma cena em que Kaitlynn Price ( Sabrina Haskett) aparece com uma regata no meio de uma aula. Pelo fato da adolescente ter desenvolvido bustos mais avantajados durante a fase do colégio, ela teve que se retirar da sala para não causar “constrangimento” ou não causar “desejos” aos meninos da sala. Uma clara situação vivenciada por muitas adolescentes no período escolar. Mas, para mostrar a força feminina dentro da escola, no outro dia meninas de todas as salas aderiram ao movimento de ir com regata para apoiar a colega que sofreu com machismo.
Luta contra o estupro na adolescência
Infelizmente, as mulheres em sua grande maioria já tem contato com a cultura do estupro desde cedo. Garotos praticam atitudes machistas que foram ensinados por outras mentes machistas e assim crescem com a consciência e segurança que sempre sairão impunes de situações criminosas. Na trama, Emma (Josephine Langford) faz uma revelação emocionante a frente de todas meninas e alguns meninos na escola: ela conta que foi estuprada pelo ex-namorado dentro de seu próprio quarto. O ex-namorado é Mitchell Wilson (Patrick Schwarzenegger), o garoto que carrega todos os estereótipos de uma cara babaca que pensa que é o centro do universo e banaliza todos os tipos de causas sociais, especialmente a feminista retratada durante todo o filme.
Assista ao trailer