Nívea Maria diz que é rotulada na TV e sofreu depressão
Atriz acredita que sua imagem sempre foi vendida como a da mulher equilibrada emocionalmente
No elenco de “A Dona do Pedaço”, próxima novela das 21h da Globo, Nívea Maria revelou que, assim como todas as mulheres da sociedade, foi vítima de machismo desde a juventude. Aos 72 anos de idade e com 56 de carreira, a atriz acredita que abordar empoderamento feminino em uma trama das 21h é um grande avanço para a sociedade.
“Hoje em dia a mulher, se ela quiser, ela pode ser a dona do pedaço. Se ela tiver personalidade, dignidade e firmeza nas escolhas dela, ela pode tudo”, declarou à Catraca Livre.
A veterana desabafou também sobre o fato de ter sido rotulada ao longo de sua carreira como uma mulher passiva. Porém, o que ninguém soube até hoje foi que ela não só sofreu muito tempo calada, como também foi diagnosticada com depressão.
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“A minha imagem na televisão é sempre levada pelo lado da romântica, da boazinha, da estabilizada emocionalmente. Mas eu tive, por exemplo, três casamentos – o que não é fácil -, eu tive dentro do último casamento que durou muito, uma depressão, eu tive três filhos e fui criticada por trabalhar muito. Apesar de não deixar os meus filhos, eles sempre moraram comigo, as pessoas viam como “ela só pensa na carreira e esquece dos filhos”. Tudo isso eu sempre ouvi e respondi com silêncio, porque eles [família] sabiam o que eu estava vivendo e o que eu estava passando.”
A artista ressaltou ainda que não se arrepende de ter assumido uma postura independente desde cedo. “Não me senti culpada porque eu não estava fazendo mal a ninguém. Tanto é que eu cheguei aos 56 anos de carreira com uma tranquilidade muito grande de ter só acertado nas minhas escolhas e na educação dos meus filhos (tenho um filho médico, uma psicóloga e um que trabalha com audiovisual), acertado na minha vida profissional, fazendo com que respeitem o fato de eu ser atriz”, completou.
Por fim, Nívea Maria deu um conselho para combater o machismo e o preconceito de uma forma menos dolorosa: “Todas essas coisas que se fala hoje, de assédio… tudo isso a gente [artista] sofre desde sempre. Não é de hoje que a mulher está fragilizada. Mas, acho que depende da sua atitude [de rebater o machismo], pois temos soluções, jurídicas, de conversas ou de silêncio: mas você tem que escolher uma para continuar vivendo, sorrindo e indo para frente. Hoje, tenho 72 anos e sou muito tranquila com aquilo que eu conquistei, que fiz e o que eu represento como mulher no mundo de hoje”.