Novo ‘Ecce homo’? Outro erro em restauração de pintura viraliza na web

Gafe reacendeu debate em favor da regulação no restauro de obras de arte

23/06/2020 14:27

Qual o valor histórico-cultural de uma obra de arte? Essa pergunta, quase impossível de ser respondida, tem causado grandes reflexões entre especialistas da área. Isso porque um novo erro de restauração de pintura, similar ao que ocorreu com a obra “Ecce Homo“, caiu no gosto dos internautas – e no desgosto por estudiosos do universo artístico.

Dessa vez, a vítima foi uma obra clássica espanhola, a cópia da “Imaculada Conceição do Escorial”, do pintor barroco Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682), pertencente a um colecionador particular de Valência. A pintura original, felizmente, está resguardada no Museu do Prado, em Madri.

Restauração de pintura dá muito ruim, viraliza nas redes sociais e reacende debate sobre a importância da arte
Restauração de pintura dá muito ruim, viraliza nas redes sociais e reacende debate sobre a importância da arte - reprodução

De acordo com informações da agência “Europa Press”, o colecionador contratou um restaurador por 1,2 mil euros, apenas para se surpreender com o resultado inacreditável da pintura depois. Depois do que aconteceu, o proprietário da obra entrou em contato com um novo restaurador que promete recuperar os traços da virgem de Murillo.

A gafe rapidamente viralizou nas redes sociais, e trouxe aos internautas a recordação da restauração da obra “Ecce Homo”. A autora do desastre, a senhora Cecília Giménez, de 82 anos, praticamente destruiu a obra original, que se encontrava em uma igreja em Borja, também na Espanha.

Ecce homo
Ecce homo - reprodução

Em entrevista ao jornal britânico “The Guardian”, o professor da Escola Superior de Conservação e Restauração de Bens Culturais da Galícia Fernando Carrera afirmou que a lei atual na Espanha permite que pessoas sem qualificação tomem a iniciativa de restaurar obras mesmo sem a devida formação.

“Você consegue imaginar se pudesse operar outras pessoas? Ou se te permitissem vender um remédio sem licença de farmacêutico? Ou que alguém que não fosse arquiteto pudesse construir um prédio?”, questionou.

Apesar da seriedade do assunto e do alto valor histórico-cultural de uma obra de arte, as redes sociais não perdoaram a nova gafe, e logo passaram a fazer diversos memes e comentários sobre o episódio. Confira:

https://twitter.com/firenzefiore/status/1275141115868409856