Posso falar como convidada? Boca Rosa dá lição a homens do Pânico

Ao ser interrompida seguidas vezes em entrevista, ex-BBB pediu a palavra com frase que virou hashtag

“Garota, interrompida” é um filme americano de 1999. E o que isso tem a ver com este texto? O título do filme mesmo. O nome dele diz bem o que os apresentadores do Pânico da Jovem Pan fizeram com a ex-BBB Bianca Andrade, a Boca Rosa. Ela foi entrevistada no programa nesta sexta (17), mas não a deixaram falar. Daí surgiu a hashtag “Posso falar como convidada?”, e o tema bombou no Twitter.

Na verdade, os apresentadores do Pânico, em especial o âncora Emilio Surita, tiveram dois tipos característicos de atitude machista com Bianca.

Quando o tema foi feminismo, os homens do programa tomaram a palavra (oi?) e não a deixavam falar.

Como se entendessem mais do assunto que ela, que enfrenta na pele o machismo todos os dias.

Eles queriam explicar para a Bianca essa questão. E a interrompiam quando ela queria opinar.

Mansplaining

Esse tipo de abuso masculino é chamado de Mansplaining, uma junção de duas palavras em inglês: man (homem) e explaining (explicando).

Como se a mulher não tivesse argumentos ou inteligência suficientes para dominar um assunto. E o homem precisasse ficar explicando tudo pra ela.

A situação é ainda pior porque as mulheres têm muito mais propriedade que os homens para falar sobre o que estava sendo discutido – o feminismo.

A ex-BBB bombou no Twitter com a frase: “Posso falar como convidada?”
Créditos: Reprodução/TVGlobo
A ex-BBB bombou no Twitter com a frase: “Posso falar como convidada?”

Manterrupting

Se não bastasse o Mansplaining, quando os machos do Pânico ficavam insistentemente interrompendo a Bianca se ela tentava se posicionar, eles também estavam praticando o Manterrupting.

Trata-se de outra junção de duas palavras em inglês: man (homem) e interrupting (interrompendo).

E é exatamente isso, os homens promovendo a interrupção das falas das mulheres.

Pois a Boca Rosa não deixou por menos. Ainda bem.

“Quando uma mulher for falar de feminismo se coloca no lugar de ouvinte e tenta entender o porquê”, disse ela para o Emilio Surita.

“Porque o que a gente tá falando não é a toa”, emendou. “Se a gente está falando, se está existindo esse movimento é porque dói. Quando uma mulher falar disso pensa: ‘Será que eu me coloquei no lugar dela? Será que eu sei o quanto é fo** todo dia ter que trabalhar o dobro para ganhar a mesma coisa que um homem? Será que não cansa?’”

Posso falar como convidada?

A conversa chegou na temática dos privilégios, levando em conta a cor da pele.

Mais uma vez, então, a ex-BBB foi desrespeitada pelos apresentadores.

Até o momento em que perdeu de vez a paciência e soltou a frase que mobilizou as redes sociais: “Emilio, me ouve. Posso falar como convidada? Obrigada”.

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