Aluno da USP vai se formar em medicina após acusações de estupros

Após um ano e meio de suspensão, um estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), acusado de dopar e estuprar ao menos três alunas em festas universitárias, deverá se formar no curso. Com o cumprimento da pena, determinada por um processo instaurado pela faculdade, o rapaz poderá colar grau.

Mesmo depois de um grupo de professoras pedir a extensão da pena ou a expulsão do acusado, a Procuradoria da USP informou à Congregação da Faculdade, em reunião realizada na última sexta-feira, dia 21, que o estudante está apto a obter o diploma de médico.

Em entrevista ao Estadão, a professora Heloisa Buarque de Almeida afirmou: “Entendemos que a pena aplicada foi mínima, ele deveria ter sido expulso, porque os fatos são gravíssimos e há provas. Sabemos de outros casos, mas só essas meninas, corajosas, conseguiram formalizar a denúncia”. O advogado do aluno punido, Daniel Alberto Casagrande, nega o crime.

O estudante foi acusado de estuprar três alunas em festas universitárias

Além das três denúncias, outros três relatos envolvendo o mesmo homem chegaram à Rede Não Cala, grupo formado por professoras para cobrar ações de enfrentamento aos casos de violência sexual e de gênero na USP. No entanto, os casos não foram formalizados.

“Temos plena convicção de que a USP não pode correr o risco de diplomar alguém que pode ser um agressor, ainda mais para o exercício de uma profissão destinada ao cuidado, como é o caso da medicina”, diz a nota divulgada pelo grupo.

Denúncias

Um dos casos investigados pela universidade contra o aluno virou processo que tramita em segredo na Justiça de São Paulo. A vítima, uma estudante de enfermagem, afirma que foi dopada em uma festa da medicina. Durante o estupro, ela acordou e tentou reagir, mas foi imobilizada pelo acusado, que era policial militar. Ele alega que a relação foi consentida.

O aluno já foi acusado de homicídio quando era soldado da Polícia Militar, de onde pediu exoneração em 2008. Em fevereiro de 2004, na região central de São Paulo, ele teria atirado em outro homem em um bloco de Carnaval. O caso foi suspenso na Justiça.

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