Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, o massacre que o Brasil não viu

Comunidade religiosa era liderada pelo beato José Lourenço e dividia produção e lucros. Acusados de comunistas, foram massacrados pelas forças militares em 1937

ERRATA: ESTA FOTO FOI TIRADA NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO BERGEN BELSEN, NA ALEMANHA E NÃO EM CRATO COMO AFIRMAMOS ANTERIORMENTE
ERRATA: ESTA FOTO FOI TIRADA NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO BERGEN BELSEN, NA ALEMANHA E NÃO EM CRATO COMO AFIRMAMOS ANTERIORMENTE

A comunidade religiosa do Caldeirão, liderada pelo beato José Lourenço, descendente de negros alforriados e discípulo de Padre Cícero, ousou desafiar o poder do latifúndio e propor uma sociedade mais justa e humanitária, mas foi brutalmente reprimida pelas forças do estado.

O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto, no município de Crato, Cariri Cearense, era composto por milhares de camponeses e romeiros que vivam na comunidade, trabalhavam coletivamente e dividiam o lucro com a compra de remédios e querosene.

Ela chegou a ter mais de mil moradores e recebeu flagelados da seca de 1932 que assolou o nordeste.

Beato José Lourenço, líder da comunidade
Beato José Lourenço, líder da comunidade

A organização da comunidade teria incomodado os coronéis, latifundiários e ,posteriormente, o governo Getúlio Vargas. Em 1937, acusados de comunistas, eles teriam sido bombardeados pelas forças do Governo Federal e da Polícia Militar do Ceará e enterrados em vala comum.

O episódio pode ter sido o maior massacre da história brasileira, com mais de mil mortos.

76 anos depois, os corpos dos romeiros ainda não foram encontrados e não existe um documento oficial que registre o acontecimento. O exército nega o massacre.

Indenização

Em 2008, a ONG cearense SOS Direitos Humanos entrou com um pedido na justiça pedindo a procura, identificação, enterro digno e indenização dos descendentes dos mortos no Caldeirão.

A ação foi arquivada, mas a ONG pediu novas buscas à Justiça.

Jornal do Brasil anunciou o massacre
Jornal do Brasil anunciou o massacre

Saiba mais

O documentário O Caldeirão de Santa Cruz do Deserto (1985, 96 minutos), de Rosemberg Cariry, conta a história a partir de depoimentos dos remanescentes e dos símbolos da cultura popular. O filme foi encontrado no canal de Daniel C. Valentim no Youtube.