Clara Averbuck grava vídeo falando sobre o estupro que sofreu
Depois de escrever um relato nas redes sociais em que conta ter sido estuprada por um motorista da Uber no último domingo, 28, e ter sido atacada e desacreditada na internet, a Clara Averbuck decidiu postar um vídeo no Facebook para falar novamente sobre o caso.
No vídeo, a escritora aparece com um olho roxo e um machucado na testa e diz que não vai fazer um boletim de ocorrência denunciando formalmente o agressor por ter não acreditar que ele será preso e ter medo.
“Estava sumida por motivos óbvios. Fiz um relato de uma agressão que eu sofri e isso viralizou de uma forma que eu não estava esperando. Como sempre vai ter gente duvidando da vítima. Como sempre, vai ter gente dizendo ‘Por que não foi na delegacia? Por que não fez B.O.?”, diz ela.
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Em seguida, Clara explica que não confia no sistema e que a decisão de ir ou não à delegacia é apenas dela. “Estão me pressionando para fazer denúncia na delegacia”, afirma. “Essa decisão é minha, não confio no sistema, já fui mil vezes na delegacia, já levei mulheres lá, já vi o tratamento que é dado. B.O. não é um documento mágico do Harry Potter que vai te defender. Não significa que vão prender o cara.”
A escritora ainda lamenta e questiona o fato de a violência sexual ser um crime que precisa ser provado pela vítima, um claro sinal de uma sociedade machista que ainda coloca a culpa na mulher. “Violência sexual é crime que quem tem que provar é a vítima. Eu não tenho sêmen em mim, eu não tenho nada em mim. Eu tenho só essa marca de quando ele me derrubou no chão. Como é que eu vou provar alguma coisa? Não tem como”, explica.
Clara Averbuck também questiona a noção de que estupro é apenas quando a mulher é penetrada. “Eu tenho novidades, não se estupra apenas com o pênis. Estupro não é só isso, vão ler a lei, vão estudar”, ela responde às pessoas que a têm atacado nas redes sociais.
Ela ainda fala do medo de ser procurada pelo estuprador, já que, por meio do aplicativo da Uber, ele sabe onde a escritora mora. “O cara sabe onde eu moro. Ele parou na rua do lado porque já estava mal intencionado. Então, antes de entrarem nessa ação punitivista, parem e pensem um pouco sobre o sistema. Não adianta espancar estuprador. Não adianta matar estuprador. Estuprador não é monstro. Estuprador pode ser seu vizinho, seu tio. A maior parte acontece dentro de casa por pessoas conhecidas”, esclarece.
Ela finaliza o vídeo pedindo para não ser mais procurada. “Tudo o que eu tinha que dizer está dito. Estou mais forte. Vou ficar mais. Ninguém me derruba”, declara.
Procurada pelo Catraca Livre, a Uber disse que repudia qualquer tipo de violência contra as mulheres e que o motorista parceiro foi banido da empresa. “Estamos à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações. Acreditamos na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência”, diz o texto.
Confira o vídeo na íntegra:
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