Projeto reúne relatos de filhos de pais homossexuais

“Meu pai é gay. Na verdade, está ainda no processo de sair do armário. Tinha a suspeita de que meu pai era homossexual desde o começo”. O relato é de Mark, um jovem gay criado na Pensilvânia (EUA), que descobriu a verdadeira orientação sexual de seu pai quando estava na faculdade.

“Lembro-me de como meu pai, desde que eu era criança, usava os mesmos comportamentos para ocultar sua feminilidade que eu, como descruzar as pernas ou tentar parar de gesticular enquanto falava”.

Seu depoimento faz parte do projeto “The Kids“, uma coletânea de mais de 20 imagens e histórias de jovens que, ao descobrirem a orientação sexual de seus pais, se depararam com um mundo regido pelo preconceito e pela intolerância. As informações foram divulgadas pelo site “El País“.

O projeto é uma iniciativa da fotógrafa norte-americana Gabriela Herman, que, assim como seus entrevistados, teve que encarar ainda jovem a revelação da verdadeira identidade de seus pais.

Herman soube que sua mãe era homossexual quando tinha 15 anos. “Minha mãe é lésbica. Mas demorei muito tempo para dizer essa frase em voz alta”, explica.

A ideia da fotógrafa é fazer com que as pessoas superem e compartilhem entre si suas experiências. Ela mesmo confessa que, após sua mãe assumir sua homossexualidade, atravessou uma fase complicada em que era incapaz de aceitar o que estava vivendo.

“Fiquei um ano sem falar com minha mãe e sentia que tinha de esconder sua sexualidade, principalmente dos meus colegas de classe. O tema acabou virando um tabu em minha família”, conta a fotógrafa.

Herman demorou mais de dez anos para aceitar a nova realidade. Com isso, decidiu conhecer e retratar a experiência de outros filhos de pais homossexuais. Veja outros relatos abaixo:

Zach foi criado em Iowa (EUA) por duas mães

“Acredito que a palavra correta para descrever minha família não seja LGBT, mas somente ‘família’. Se você vê a maioria das coisas que definem minhas mães é mais exato dizer que são torcedoras dos Packers ou que ambas trabalham no setor da saúde antes de destacar que são um casal gay”. Zach falou no senado de Iowa quando tinha 19 anos sobre sua família e lutou para se opor à proibição das uniões homossexuais em seu Estado.

Kerry, criada em Nova Jersey por seu pai e sua mãe, que se assumiu homossexual quando ela tinha 11 anos

“Lembro de uma conversa com minha mãe em que ela me dizia que queria se casar com outra mulher. Quando eu era muito pequena queria me casar com minha melhor amiga, assim foi um simples ‘Ah, igual a mim com a Sarah?’ Ela respondeu: ‘Não, não é exatamente igual a Sarah e você’. Kerry foi educada na doutrina cristã evangélica e, quando descobriu a verdadeira identidade sexual de sua mãe, sentiu que “devia salvá-la”.

Elizabeth, criada em Boston por sua mãe e seu pai, que se assumiu quando ela estava na universidade

“Ele me disse: ‘é hora de enfrentar minha identidade’. Perguntei se ele era gay e me respondeu: ‘Bom, não tive nenhuma experiência para ter certeza disso’. Lembro-me que as próximas palavras que saíram da minha boca foram: ‘Pai, tenho certeza absoluta de você que é gay’“.

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