Dez alegrias e dez dramas de se morar sozinho

Texto por Felippe Canale. 

 

Morar sozinho é o sonho de muitas pessoas e, como tudo neste mundo, tem o seu lado positivo e negativo. Ou seja, alegrias e dramas, porque as vezes o roteirista da nossa vida resolve deixar tudo mais emocionante.

Logo que eu vim morar sozinho em São Paulo fui parar num apartamento da rua Augusta que um amigo de um conhecido meu (aquelas histórias que não precisam fazer muito sentido) havia me indicado. Com pouca grana e vontade de morar na cidade que promete nos entreter mesmo nas noites de insônia, fui dividir apartamento com pessoas até então desconhecidas. A “entrevista” foi algo bem simples e feita com os dois moradores que já residiam no apartamento e também precisavam rachar as contas:

– Qual o seu nome? Felippe.
– Você estuda ou trabalha? Sim, ambos.
– Você conhece o Fulano e veio por indicação dele, né?  Isso.
O valor por mês é R$ xYz para cada um. Tudo bem. (era quase o meu salário inteiro do estágio).
– Então tá ótimo! Quer conhecer o seu quarto? Quero.

E foi assim que eu passei a escrever o meu próprio endereço, e não o da casa dos meus pais, nos formulários e isso me trazia um certo orgulho. E também a lavar a louça dos outros quando eu queria ver a pia da cozinha limpa. É claro que também já tive as minhas roupas estendidas no varal quando eu o esquecia de fazer, afinal, a colaboratividade faz parte do dia a dia de quem convive em grupo. Um pacote de bolacha recheada que some da sua dispensa é recompensado pelo requeijão alheio encontrado num cantinho da geladeira, deixando a sua torrada mais feliz e menos seca.

Morar com pessoas de diferentes personalidades é um aprendizado de vida! E quando elas não fazem parte da sua família, é preciso ter jogo de cintura e uma dose extra de bom humor. Eu, que sempre gostei de festas, as vezes ficava incomodado quando acontecia alguma na minha casa e eu não podia participar, seja por ter que acordar cedo no dia seguinte ou simplesmente por não ter sido convidado. Sim, também acontece de cada um dos moradores ter a sua turma específica de amigos. Até hoje me lembro de uma terça-feira, às 2 da manhã, e o som rolando alto naquele apartamento da Rua Augusta. Os convidados gritavam, bebiam, gargalhavam e dançavam sem que eu pudesse fazer nada enquanto tentava dormir. Foi aí que tive a ideia de sair pelado do meu quarto com a desculpa de pegar um copo de água na geladeira, afinal, eu não queria parecer mal educado ao expulsar todos de casa. E deu certo, em 5 minutos a galera foi embora e eu pude voltar a dormir tranquilamente. Não sei se eu poderia citar os nomes deles aqui, mas dividir um apartamento com a Maíra e o Cássio foi uma experiência ótima na minha vida.

Depois disso eu viajei, morei com outras pessoas, voltei para a casa dos meus pais e até fiquei casado durante cinco anos. Atualmente moro sozinho (sempre que falo isso, lembro daquela tia que diz: “Sozinho não! Você mora com Deus!”) e pude fazer a lista abaixo sobre esta atual fase:

DRAMAS

1- Acordar no meio da noite após um pesadelo ou ouvir um barulho estranho e não ter a quem recorrer ou abraçar.

2- Colocar uma roupa pra sair num primeiro encontro e ninguém te avisar que você esqueceu de passar perfume ou está usando uma meia de cada cor.

3- Assistir um filme e não ter para quem perguntar: “Você entendeu esta parte?”.

4- A casa estar uma completa bagunça e ter a certeza de que você é o único culpado por isso.

5- Cozinhar apenas para si mesmo é muito chato, afinal, ninguém faz… [Clique aqui para continuar lendo.]