Reduzir velocidade nas marginais é necessário, diz especialista
São Paulo vai ao encontro de medidas tomadas em outras grandes metrópoles do mundo ao reduzir a velocidades nas marginais Tietê e Pinheiros.
Em 2009, Nova York, por exemplo, iniciou uma campanha com o propósito de literalmente zerar o número de mortes na cidade. Em 2014, ela diminuiu o limite de velocidade nas vias urbanas para 40 km/h. O resultado foi surpreendente: a medida reduziu o tempo de viagem em 16%, derrubou em 63% o número de motoristas e passageiros feridos e em 35% a porcentagem de pedestres vitimados.
Hoje, o número de mortes no trânsito de Nova York é seis vezes menor que o de São Paulo (leia mais sobre o assunto aqui).
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Por aqui, com a nova medida implementada nas marginais na última segunda-feira (20), a máxima permitida passou de 90 km/h para 70 km/h na via expressa; de 70 km/h para 60 km/h na central e de 70 km/h para 50 km/h na local. Isso significa que o motorista gastará um tempo extra de quatro minutos para atravessar cada uma delas de ponta a ponta.
A medida foi definida pela Prefeitura de São Paulo com a justificativa de reduzir acidentes e mortes no trânsito. Segundo informações da “Folha de S. Paulo“, as marginais Tietê e Pinheiros são as campeãs em vítimas de trânsito na capital – em 2014, deixaram 73 mortos e 1.399 feridos – isso sem levar em consideração os animais que são diariamente atropelados nas vias.
Mesmo sob essa justificativa, a ação causou polêmica nas redes sociais. No entanto, a diminuição dos limites de velocidade tem a aprovação de grande parte dos especialistas em trânsito, que se posicionaram e mostraram os aspectos positivos da medida.
O engenheiro Luiz Carlos Mantovani Néspoli, superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), é um deles. Abaixo, reproduzimos um trecho de seu artigo, originalmente publicado na terça-feira (21) no site da ANTP. Confira:
“(…) Que a velocidade é uma das principais causas de acidente de trânsito e, dentre as causas, é a que gera os maiores danos, muitos países já sabem. O Relatório do IRTAD (…), que organiza informações de programas de segurança viária e estatística de acidentes em mais de 30 países (europeus, asiáticos e norte-americanos), mostra que em todos eles foram adotadas medidas de redução dos limites de velocidade em todas as vias urbanas para, pasmem, 50 km/h. São países que, ao contrário do nosso, vem reduzindo paulatinamente as mortes no trânsito há décadas.
Estudos indicam que reduções de velocidade levam a redução de mortes e feridos e que, ao contrário, o aumento conduz a mais mortes e mais feridos, como indica a tabela:
Experiências realizadas em São Paulo e em outras cidades brasileiras também já confirmaram esse prognóstico quando promoveram alterações nos limites de velocidade.
O trânsito seguro é um direito de todos e um dever dos órgãos de trânsito (art. 1º do Código de Trânsito Brasileiro). Vale lembrar que o Brasil ocupa ainda um lugar indesejável no ranking de mortes no trânsito. Segundo recente publicação do DATASUS, em 2013 morreram cerca de 43 mil pessoas, o que significa 22 mortes para cada 100 mil habitantes, contra 3,7 no Reino Unido e 4,1 no Japão, por exemplo. O índice da cidade de São Paulo é de cerca de 11. Portanto, é obrigação do Estado brasileiro promover a segurança viária, pelo flagelo que representa para as famílias brasileiras, ou ainda pelo custo social associado, hoje em mais de 70 bilhões de reais por ano (valor atualizado do estudo ANTP/IPEA).
Se medidas de redução de velocidade são reconhecidamente no mundo todo benéficas à sociedade, afinal, por que tanto alarido com a medida tomada recentemente pela CET nas marginais Tietê e Pinheiros?