Museu em Belém tem acervo dedicado ao Círio de Nazaré

Por Eduardo Vessoni, do site Viagem em Pauta

Ainda de madrugada, os primeiros promesseiros vão chegando ao redor da corda e da berlinda, como é chamado o andor que transporta a imagem de Nossa Senhora de Nazaré; romeiros esperançosos amarram pedidos em fitinhas coloridas, no portão da Basílica; e, ao longo do dia, a capital do Pará vê fiéis se arrastarem, sem pressa, pelas ruas da cidade.

Declarada Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial pelo Iphan, a romaria do Círio de Nazaré acontece, anualmente, em Belém, em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Pará.

 

Juntar-se ao cordão humano de 2 milhões de pessoas que se encontram, no segundo domingo de outubro, não é tarefa para os fracos, mas a cidade abriga, durante o resto do ano, um pequeno museu dedicado a essa que é considerada uma das maiores romarias do mundo (uma espécie de “pororoca humana”, como definiu o escritor paraibano Eidorfe Moreira).

A Rainha da Amazônia, como é conhecida essa figura religiosa, é homenageada com uma exposição permanente que conta a história da fé e devoção desse evento que acontece, há mais de 220 anos.

 

O acervo discreto é formado por cartazes de edições anteriores da romaria, fotografias, promessas de devotos como as tradicionais casinhas e barcos com pedidos, e outros ícones da procissão como a corda do Círio, peças que imitam partes do corpo de romeiros que tiveram pedidos atendidos e uma coleção de mantos originais utilizados pela Imagem Peregrina.

Um dos destaques desse colorido espaço de exposição com curadoria da historiadora Rosa Arraes é a Bicicleta da Fé, veículo utilizado por um pagador de promessas que rodou 15 estados brasileiros sobre duas rodas para pagar uma promessa à Nossa Senhora Nazaré.

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Romaria do Círio de Nazaré pelas ruas de Belém[/img]

E a cada vez que o caboclo levava o achado para a sua casa, a imagem voltava para o local de origem.

No local do achado, Plácido construiu uma pequena capela e, em 1793, aconteceria o primeiro Círio.

Tradicionalmente, a imagem sai da Catedral de Belém e segue até a Basílica Santuário de Nazaré, uma emocionante romaria que já chegou a durar 9 horas.

Na noite do sábado anterior ao Círio, considerado uma espécie de Natal fora de época dos paraenses, acontece a trasladação, no sentido contrário (Basílica Nossa Senhora de Nazaré – Catedral da Sé).

E se a fé ainda não move montanhas, pelo menos arrasta milhões de romeiros, na capital do Pará.