Roupa íntima tem até 10 mil bactérias e fungos aponta pesquisa

Peças oferecem risco de doenças, como infecção ou incontinência urinária, corrimento, dor, febre e alergia.

27/11/2017 11:33 / Atualizado em 06/04/2018 16:38

Um estudo realizado pela Faculdade devry Metrocamp, em Campinas, encontrou 10 mil bactérias e fungos em roupas íntimas usadas, após várias lavagens, e também em peças novas.

A análise foi feita em 52 peças – entre cuecas, calcinhas e sutiãs-, de pessoas entre 20 e 55 anos.

Pesquisadores encontraram 10 mil bactérias e fungos em roupas íntimas usadas, após várias lavagens, e também em peças novas.
Pesquisadores encontraram 10 mil bactérias e fungos em roupas íntimas usadas, após várias lavagens, e também em peças novas. - Getty Images

Dessas, 27 eram novas e apresentaram contaminação por bactérias resistentes em 85% dos casos. Entre as 25 usadas, 92% ofereciam risco de doenças, como infecção ou incontinência urinária, corrimento, dor, febre, alergia, ardência, irritação na pele, infecções de urina graves, anais e penianas, além de inflamações.

No caso dos sutiãs, os fungos e bactérias achados podem causar desde irritação na pele até furúnculo, inflamações nos mamilos, micoses e manchas, especialmente em mulheres que estão amamentando ou que realizaram algum tipo de cirurgia recente na mama, já que nesses casos o seio tem fissuras ou cicatrizes que servem de entrada para esses micro-organismos.

“A gente analisou o forro, a parte que fica muito mais em contato com o ânus e a região vaginal ou peniana. […] Se a pessoa já tem uma predisposição, fez uma cirurgia ou está com uma ferida, pode desenvolver dias depois um desconforto. É uma irritação, uma ardência e isso pode levar a um quadro de infecção mais grave”, afirma a doutora em ciência de alimentos, bióloga e pesquisadora Rosana Siqueira ao G1.

Para os pesquisadores, o grande problema foi a falta da higienização correta dessas peças. No caso das peças novas, a indicação é lavá-las antes de usar e evitar experimentá-las antes da compra, já que foram encontradas até 250 bactérias resistentes em peças à venda em lojas de rua ou shoppings. Leia a  matéria completa.

Cuidados na lavagem e escolha do tecido protegem área de doenças

O site parceiro do Catraca Livre, Minha Vida, traz dicas de especialistas para o cuidado com a higienização e até a escolha do tecido adequado das roupas íntimas  para evitar doenças na região.

1- Escolha do tecido: o melhor tecido para roupas íntimas é o algodão. “Os tecidos naturais absorvem melhor a transpiração que os sintéticos”, afirma o urologista José de Ribamar Rodrigues Calixto, da Sociedade Brasileira de Urologia. O algodão evita a transpiração e maior secreção local, que são as portas de entrada para infecções.

Uma alternativa são as roupas íntimas de tecido sintético que possuem o fundo em algodão – apesar de não ser o ideal, já auxiliam na prevenção de irritações. Além do algodão, existem novos tecidos tecnológicos que buscam a redução da umidade e facilidade de circulação do ar, como os tecidos de fibra de bambu.

2- Cuidados na lavagem: segundo a dermatologista Samantha, lavar as peças íntimas no chuveiro pode ser uma boa opção, já que a água quente até ajuda a eliminar bactérias. No entanto, é preciso estar atento à escolha do sabonete, que precisa ter um pH neutro para não facilitar a proliferação de bactérias.

Outra vantagem de lavar a roupa íntima no chuveiro é evitar que as secreções entrem em contato com outras peças no cesto de roupa suja. Além disso, os resíduos fisiológicos impregnados no tecido podem proliferar, dificultando a higienização. “Para quem ainda prefere a máquina de lavar, a recomendação é manter a peça em sacos protetores especiais para essa finalidade.”

3- Cuidados pós-lavagem: para quem lava a roupa íntima no chuveiro, o ideal é não deixá-las secando no box, para que a peça não fique úmida por mais tempo em razão do vapor de água.

O ideal é deixar as peças secando em um local seco e arejado, como o varal. “Outra recomendação é passar o ferro quente na área de reforço da peça, que fica em contato com o órgão sexual”, diz Samantha Kelmann, já que as altas temperaturas ajudam na eliminação de micro-organismos que eventualmente ficaram na peça após a lavagem.

4- Evite repetir a peça: isso deixa a região em contato com secreções por mais tempo, além do suor. Isso favorece infecções, bem como a proliferação de micro-organismos e seu contato prolongado com a pele.

5- Eu posso não usar roupa íntima?

O não uso da roupa íntima pode ser benéfico, uma vez que mantém o local mais arejado. “Nesse caso, o cuidado se estende às outras peças, como calças, bermudas, shorts, meias-calças e saias, que devem ser higienizadas e trocadas diariamente”, afirma a dermatologista Samantha.

Para quem não consegue ficar sem as peças durante o dia, há a opção de ficar em casa ou dormir sem calcinha ou cueca, o que aumentando a ventilação da região genital e ajudando a manter o pH vaginal fisiológico, no caso das mulheres. Ao optar por ficar em casa e dormir sem a peça, o ideal é usar roupas mais largas e de algodão para dormir.

Veja mais dicas na matéria do Minha Vida.